A auto-estrada 40

PorJoão Chantre,14 jul 2015 6:00

“A única arma para melhorar o planeta é a Educação com ética. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem, ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.

Nelson Mandela

A500 & N40

A construção de Cabo Verde deve ser recordada nos seus 500 anos da sua história. Reza a história que fomos achados em 1460 pelos portugueses, transformados numa plataforma de serviços de navegação marítima e tráfego de escravos, independentes em 5 de Julho de 1975 e democratizados em 13 de Janeiro de 1991 com uma constituição e uma Lei constitucional moderna e adaptada aos grandes desafios da globalização. E assim, o art 1º da nossa Magna Carta põe tónica na importância da nossa soberania, democracia, igualdade de todos os cidadãos perante a lei, a democracia económica, a dignidade e o desenvolvimento da pessoa humana…

Reza ainda a história que somos uma das Nações mais miscigenada do planeta, um modelo que vai ganhando terreno devido ao fenómeno da globalização e a cooperação horizontal no mundo, um fenómeno prazeroso e saudável para o planeta. Ora, isto leva-nos a crer que somos frutos da nossa história, produto do nosso passado e com um futuro promissor mas sempre adiado por ineficiências e burocracias exageradas, uma herança do passado. Somos um país arquipelágico no meio do atlântico. O atlântico médio, uma das zonas mais ricas e dinâmicas do secúlo XXI, segundo o Prof. Hernani Lopes, durante uma conferência na Praia antes de despedir de todos nós. A nossa riqueza advém da extensão do nosso vastíssimo território marítimo, 700.000 km quadrados. Afinal somos tão grandes como o Texas, dobro do tamanho da Alemanha, metade de Angola e pertencemos a uma das zonas marítima com a água do mar menos salenizada do planeta…por estas razões a nossa riqueza é incomensurável. E por isso nunca é demais dizer que a força da grande Nação Lusofona é o princípio de que o mar que nos separa é o mar que nos une. Toda a nossa história é ligada ao mar, os primórdios que deram nome a estas ilhas chegaram via o mar, a pesca da baleia criou a maior ilha diásporica do arquipélago que agora queremos fechar as janelas via o ar, mas só quando decidimos tomar a nossa independência e tornar eternamente dependentes é que voltamos as costas ao mar.

Afinal, há dias descobrimos que não somos independentes, afinal somos dependentes…e há mesmo aqueles que questionam, quando acaba a (in) dependência! No livro de Aristides Pereira, escrito por JVL, há uma passagem de Amilcar Cabral que diz: nenhum povo luta apenas para um hino e uma bandeira…sobre a nossa independência é quase unânime que foi a vontade popular. Se foi a vontade popular, não se deve por em causa a nobreza do ato. Mas  “The day after” será sempre o nosso grande desafio.

 

@40

A comunidade internacional compreendeu a vontade e a coragem do povo cabo-verdiano e deu-nos as armas do progresso, a educação. As Universidades estrangeiras de todo o mundo escancararam as portas e gratuitamente fomos espalhados pelo mundo e conseguimos o investimento certo, no homem/na educação. Em 15 anos conseguimos três vagas de gentes formada nos quatro cantos do planeta, as armas para a modernidade, o alicerço do desenvolvimento. De país inviável, a comunidade internacional tornou-nos um país viável. Ajudaram-nos a montar a Empa, por forma a comercializarmos os donativos e bens alimentícios ofertados, a Suécia ajudou-nos a montar os primeiros cuidados de saúde e ajudou-nos a cria o PMI que baixou drasticamente a mortalidade infantil. Para a história ficou a irradicação da mortalidade infantil e na nossa cultura ficou lavrado os 7 dias comemorado como, “ná minino ná”. Na justiça chegaram fornalhas de juristas formadas em Coimbra e Lisboa, e Cuba fez-nos dar o grande salto qualitativo na saúde, em formar cento e vinte médicos com garantias de regresso ao país em complemento com Portugal e o Brasil. E assim fechamos um ciclo brilhante com obra reconhecida na Educação, Saúde e Justiça, os pilares de uma sociedade moderna.

 

O plano inclinado

No plano inclinado falhou a arquitectura social: a voz, o trabalho árduo e os valores vincados dos homens do campo foi abafada pela reforma agrária por desconhecimento da cultura do campo, um verdadeiro cluster social. Nos anos 60, Santo Antão/norte, uma ilha completamente derrotada no processo da independência exportava-se peixe para a Chicago, café para Paris e banana para Lisboa. Em Santiago exportava-se grandes quantidades de banana para Lisboa. A veia comercial foguensse até hoje é visível ainda que timidamente. Os comerciantes foram assombrados e os intelectuais “intimidados” e silenciados. Uma verdadeira derrapagem para a engenharia social cabo-verdiana que levará anos a ser reconstruída.

 

Hora H

O futuro a nós pertence. É fundamental ter uma visão e uma estratégia de desenvolvimento, sem ela não se pode gerir um país. O documento da visão de CV para 2030 precisa urgentemente de ser refrescada e reorientada. A Estratégia não pode ser restrita apenas a um comboio de alegria. A estratégia deve ser partilhada, socializada e sobretudo ajustada quando necessária. E agora, mais do que nunca precisa ser reajustada. Na arena económica, o ponto fraco do actual governo, falhamos. Precisamos encontrar um um novo logaritmo para a área económica. Não há nenhum país que sobreviva sem uma boa estratégia de política económica, comandado por gente com visão, séria e dedicados a causa pública. São estes os verdadeiros heróis do futuro, em substituição dos heróis do passado. 

Em suma, o arquipélago precisa ser repensado, as ilhas precisam de uma melhor distribuição de recursos financeiros, reduzir o nível da pobreza, por forma a dar o pulo qualitativo esperado por todos e para o bem-estar de todos os cabo-verdianos. Por isso, precisamos de maior e melhor crescimento económico, resolver os problemas difíceis da dívida pública ao desenvolvimento (APD), apostar mais na atracção e captação/cativação do Investimento Directo Estrangeiro (IDE). O país precisa de ajustar a sua visão para o mar - “é doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”, resgatar a sua companhia área nacional dos amorosos/mercenários/ “inimigos” do Estado, apostar em melhores politicas para o sector do turismo e da diáspora e melhorar o marketing do país da Cesária Évora. Para as finanças públicas um melhor equilíbrio e responsabilidade financeira. Na educação passar de massificação a qualificação, na saúde mais e melhores investimentos e na justiça, uma justiça autónoma e separada das quezilas politicas. O futuro deve ser entregue nas mãos de gente séria, qualificada e com sentido de estado. O que temos que dar a nação e não o que devemos extorquir a nação! 2016…o fim deste artigo será o nosso “take off”. It´s time….

 

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Autoria:João Chantre,14 jul 2015 6:00

Editado porRendy Santos  em  15 jul 2015 15:46

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