Resposta à Carta Aberta do Senhor Amílcar Spencer Lopes

PorExpresso das Ilhas,21 dez 2016 6:00

Numa recente missiva, publicada no Expresso das Ilhas (presumo ser o número 780 - a versão online, a que tive acesso, não é explícita), o Senhor Amílcar Spencer Lopes confessa ter ficado “triste” pelo facto do seu nome ter sido trocado com o do seu sucessor, na página 586 do meu livro A Palavra e o Verbo.

Devo penitenciar-me pelo ocorrido e pedir sinceras desculpas ao Senhor Spencer Lopes. É estranho que o mesmo tenha acontecido e passado despercebido aos meus olhos. Só uma desatenção podia estar na base do ocorrido. Seja como for, a Editora do livro garantiu-me que uma errata será produzida para restabelecer a verdade.

Devo confessar que nutro respeito e consideração não só pelo cidadão Amílcar Spencer Lopes, como também por uma figura que desempenhou o alto cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Presidente da Assembleia Nacional e de Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava de S. Nicolau, este último cargo, de 2004 a 2008.

O senhor ex-Presidente da Câmara da Ribeira Brava afirma que eu, na qualidade de Ministro da Cultura, lhe prometera, na audiência que lhe concedera, um patrocínio da ordem de um milhão de escudos, no âmbito das celebrações do centenário de nascimento do escritor Baltasar Lopes da Silva, em 2007, e que o mesmo nunca chegou a ser concretizado. Afirma o autor da carta aberta que, relativamente à efeméride, e referindo-se ao Ministro da Cultura: “O senhor foi exuberante nos elogios e entusiasmo e garantiu-me que podia contar com a colaboração institucional do seu Ministério e uma ajuda financeira, nunca inferior a um milhão de escudos”.

Já não me lembro do montante prometido. Um patrocínio da ordem de um milhão de escudos, para o orçamento do então Ministério da Cultura, era muito elevado. Porém, qualquer que seja o montante prometido, não sendo possível desbloqueá-lo em 2007, seguramente o seria em 2008. É bem possível que, nessa altura, o Município da Ribeira Brava contaria já com novos inquilinos. Assim, a verba prometida poderia ter dado entrada nos cofres do Município depois da passagem de testemunho feita pelo Senhor Spencer Lopes. Quero crer ser isto que, eventualmente, poderá ter acontecido. Entretanto, o Senhor Spencer Lopes poderá solicitar ao actual Ministério da Cultura para mandar instaurar um inquérito com vista a apurar os factos, isto é a localização da data e do teor do meu despacho, o processamento da verba pelos Serviços Administrativos, a aprovação do Ministério das Finanças e a data de entrada nos cofres da Câmara da Ribeira Brava, tudo isto no pressuposto de ter havido a promessa e de ter havido um despacho meu.

Prosseguindo, não deixo de ficar perplexo quando o autor da carta afirma:

“… às tantas começamos a ter informações, através de pessoas contactadas no país e no estrangeiro, que o Ministério da Cultura andava a assediar as mesmas pessoas, tentando demovê-las de ir à Ribeira Brava e, ao invés, participarem, na mesma altura, numa Conferência sobre os Claridosos, na Cidade da Praia. Foi-me dito, aliás, por um participante, que o próprio Ministro lhe tinha telefonado, tentando aliciá-lo para a conferência da Praia”.

Pelo que me toca, categoricamente, digo que isto não corresponde à verdade.  

Como será possível que alguém que saudou, efusivamente, a efeméride da Ribeira Brava, com “elogios”, e se prontificou a apoiá-la e a presidir a sua abertura, possa “assediar” os convidados a não participarem no evento? A lógica cartesiana não percebe isto. Quem lhe fez esse relato falso possivelmente está descompensado ou desconhece as exigências da ética.

Em 2007, o Ministério da Cultura programou a celebração do aniversário de nascimento da geração claridosa centenária, com actividades descentralizadas, na Praia, no Mindelo, no Porto Novo e na Ribeira Brava (nesta última, tomando parte nas efemérides organizadas pela Câmara local).

Face à descentralização preconizada, o Ministério da Cultura tinha que saudar, elogiar e participar nas atividades programadas pela Câmara local. Com efeito, testemunhei o ato e pronunciei o discurso de abertura cujo teor vem no meu livro acima referido.

A terminar, renovo o meu pedido de desculpas quanto ao nome do Presidente de Câmara anfitriã das efemérides de 2007 e que vem trocado no meu livro.

Registo com apreço o seu pedido de reposição da verdade. Devo mesmo agradecer o contributo que deu para que a verdade histórica fosse restabelecida.

 Espero que, pela experiência de vida que já tem e pelo respeito da verdade que cultiva, saberá acolher as explicações que acabo de dar. Entretanto, se isto não for possível agora, um dia, quando tiver a oportunidade de conhecer melhor a minha integridade moral e o lugar que a ética e a verdade ocupam na minha práxis quotidiana, passará a admitir que, como o senhor aliás, eu também sou um cultor da ética, do respeito pelo outro e pelos bons princípios.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 785 de 14 de Dezembro de 2016.

 

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Autoria:Expresso das Ilhas,21 dez 2016 6:00

Editado porExpresso das Ilhas  em  31 dez 1969 23:00

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