Cinco anos antes, ou seja, em 1953, ainda não estava construído porque, nesse ano, Maria Helena Spencer ao caraterizar, a Praça Luís de Camões, indicando os edifícios localizados na sua envolvência, designadamente, a Escola Principal e a Biblioteca/Museu, não fez, nenhuma menção ao cinema.
Foi sim, apresentado em 1958, como uma alternativa quotidiana de lazer na mesma urbe, quando já era edifício de destaque na Praça Luís de Camões, como ainda o é hoje. Esse destaque foi feito na altura das comemorações do 1º centenário da elevação da Praia à categoria de cidade, em abril do mesmo ano(Boletim Cabo Verde de Propaganda e Informação nº 106/1958: pp. 16-17). Na altura e no documento acabado de ser citado, se aludia às idas ao cinema na Praia, como um dos aspetos da dinâmica cultural local. Na imagem seguinte vê-se, claramente, o seu estado, antes das obras de reabilitação, realizadas no quadro de um projeto oferecido à Câmara Municipal da Praia, num gesto de simpatia por parte do Município de Covilhã – Portugal, mencionado no jornal expresso das ilhas de 11 de janeiro de 2011. Na edificação há a realçar a sua condição de emblemática obra arquitetónica da Estética Déco.
O Estilo Déco é caraterizado como a encarnação da essência decorativa que focaliza matriz Déco. Esta se reconhece, pela presença de muitos arranjos geométricos na fachada. No edifício em causa, os arranjos referidos identificam-se na maneira com as varandas se estruturam de modo semelhante no alçado frontal que dá para a Praça Luís de Camões e na fachada lateral, voltada para a Rua Serpa Pinto, com combinações ornamentais muito idênticas, como se pode verificar na imagem seguinte.
Nesta imagem que representa o monumento reabilitado, nota-se todo o esforço de conservação dos traços originais do edifício, inclusive os arranjos decorativos típicos do estilo artístico onde se inscreve. Vê-se que continuam a acompanhar a disposição das varandas artisticamente trabalhas, frisos a correrem paralelamente, nas partes superiores e nas bases das mesmas. Mantiveram-se os arranjos superiores às janelas em forma de palas. Nas aberturas, cegas ou não, destacam-se unidades decorativas idênticas, em forma de molduras que as enquadram, mesmo quando a única janela e varanda aplicadas, coerentemente, na parte encurvada do edifício, seguem os contornos redondos desta parte do edifício. Exprime toda a intenção da sua decoração, finas faixas verticais (duas maiores e duas menos), dispostas simetricamente no alçado curvo. Completam os arranjos que acentuam o estilo Déco no monumento, a platibanda artisticamente trabalhada, ou seja, o remate superior do edifício. Este, alonga-se em toda a extensão da sua parte alta onde a acentuação do esforço de ornamentação é revelada nos quatro frisos horizontais, uns mais salientes que outros aplicados na base e na parte superior da mesma.
Todas as soluções decorativas juntas neste monumental representam mais o estilo artístico em referência quando, se observar com atenção redobrada para perceber que as palas, as varandas e os frisos, com destaque para os mais salientes da platibanda realçam um aspeto da matriz Déco que é a saliência de elementos ou partes do edifício.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 860de 23 de Maio de 2018.