Alem disso, conquistou 11 vezes o Campeonato Marroquino e três vezes a Liga dos Campeões de África em Futebol. Isso fez com que se tornasse uma equipa muito respeitada pelos seus adversários. Estas conquistas são de facto impressionantes para uma equipa de origem africana, e no seu reportório conta com grandes embates contra equipas de renome mundial.
Contudo, a história mais recente deste clube não está marcada pelas vitórias dentro de campo, mas sim pelas ações do decimo segundo jogador – O adepto. Mohammed Fahd Aldrafip poderia ser um adepto do Raja Casablanca como outro qualquer. Neste caso, a vida, como muitas vezes faz sem avisar, deu-lhe o seu maior desafio. Este acérrimo adepto está a lutar pela sua vida devido a um cancro terminal e já não pode apoiar a sua equipa no icónico Estádio Mohammed V.
O filho de Mohammed Aldrafip publicou numa rede social que o último desejo do seu pai seria ouvir mais uma vez os cânticos do “Curva Sud Casablanca” (claque de apoio ao Raja Casablanca) de perto. Este pedido naturalmente viralizou. O que aconteceu a seguir foi de cortar a respiração.
O bairro Hay, em Casablanca, vivia uma tarde como outra qualquer. Contudo, iria receber uma verdadeira expressão de solidariedade humana por parte dos membros do Curva Sud. Estes adeptos fecharam a rua como forma de apoiar Mohammed Fahd Aldrafip nesta luta. De bandeiras levantadas começaram a entoar os cânticos da equipa e com bastante emoção Mohammed cantou em conjunto.
“Simo lah ychafik” (Deus vai-te curar), foi uma das frases que mais se ouviu. A partir deste momento sou obrigado a convidar ao leitor a realizar uma pesquisa de google para recuperar este momento sublime que só o fenómeno desportivo poderia providênciar.
Este é um texto difícil de ser escrito, pois as claques de futebol estão envoltas em muita controvérsia. Contudo, no meio desta controvérsia, vemos um verdadeiro momento de amor e camaradagem que não pode ser ignorado.
Em Cabo Verde, muitas vezes oiço dizer, que a participação de Cabo Verde no CAN de Futebol de 2013 foi um dos momentos mais marcantes da história nacional. Mas ao contrário das evidências que muitos relatam de Cabo Verde ter conseguido “mostrar” aos outros países que somos uma grande nação, eu partilho de uma opinião que esse momento também se demarca por outro motivo muito mais importante. Nesse momento, não se ouviu dizer que era o Badiu ou o Sampadjudo que estava a representar Cabo Verde. Nesse momento eramos todos CABO VERDE, eramos todos um só. Mais do que o engradecer Cabo Verde aos olhos dos outros, foi um momento em que se engrandeceu Cabo Verde aos nossos próprios olhos e sentíamos mais unidos que, quiçá, qualquer outro momento da nossa curta história.
Desporto é algo transcende. O Futebol é mágico. Eu estou rendido a esta força indomável de união através do desporto.
*o autor escreve de acordo com o AO90