Igualmente, em 2015 ele foi agraciado com a medalha de mérito pelo Presidente da República de Cabo Verde. Igualmente foi galardoado em 2017 pelo Governo de Cabo Verde com a distinção do 2º Grau da medalha de mérito desportivo e com a atribuição de passaporte diplomático.
Nas palavras do chefe de Governo, Ulisses Correia e Silva, este afirmou que “muitos vão agora querer conhecer tanto a história do Gracelino como a do país, onde ele é originário”, atribuindo ao atleta o estatuto de verdadeiro embaixador de Cabo Verde. Este estatuto tem impactos para a notoriedade da nação cabo-verdiana e no turismo. O Primeiro Ministro acrescenta ainda que Gracelino Barbosa é “um campeão que simboliza aquilo que deve ser Cabo Verde, acreditando, lutando e sendo perseverante, ultrapassando as dificuldades que se possam existir.”
Muito recentemente, este atleta conseguiu a proeza de conquistar a medalha de ouro nos 400 metros barreiras, disciplina da qual detém o recorde do mundo, na final dos Jogos Mundiais Globais de INAS 2019 na cidade de Brisbane, Austrália. Nesta mesma competição, já tinha garantido as medalhas de bronze nos 400 metros livres e 110 metros barreiras.
Todas estas conquistas são de facto de grande mérito. Em primeiro lugar, para o atleta, e depois para todos aqueles que o apoiam na sua caminhada (sejam eles familiares, dirigentes, patrocinadores privados ou o apoio governamental justamente concedido).
Contudo, olhando para todas estas conquistas, relembro uma citação de uma campeã de Judo de Portugal, chamada Telma Monteiro. Esta afirmou numa das suas redes sociais que “as medalhas são simples metais se não forem acompanhados pelos mais nobres valores pessoais”. Para esta atleta, as medalhas são um efeito secundário do caminho que escolheu.
Num texto do professor Paulo Jorge Araujo, este faz uma alusão ao efeito-ídolo e à importância dos “heróis desportivos locais”. O professor afirma que “Os heróis desportivos locais ligam o desporto de alto rendimento à base da pirâmide de desenvolvimento desportivo, injetando uma dose muito elevada de motivação nos jovens atletas provenientes da mesma realidade”.
O que este autor quer transmitir é que se acompanhado às conquistas desportivas é necessário considerar os nossos campeões como agentes transformadores da mudança social e que tem de existir um programa de relação entre estes atletas e as comunidades no intuito da promoção dos valores do desporto e da cidadania. É necessário o aproveitamento deste poderoso efeito para que o investimento já realizado não caia num vazio dourado.
O Gracelino fundou a sua associação para cumprir este mesmo propósito. Ele está a fazer o que lhe compete. É necessário continuar a apoiar a sua missão dentro e fora das pistas. Obrigado por tudo Gracelino.