O Natal e o Desporto

PorLeonardo Cunha,6 dez 2019 6:17

Com o aproximar da época natalícia, é hábito o interregno na prática desportiva amadora para celebrar as festividades em países em que a maioria da população é cristã. Com o a vinda do Pai Natal a população foca as suas atenções para outras atividades e muitas vezes o que acontece é que acabamos por fazer resoluções de fim de ano para a perda de peso e uma vida mais saudável.

A evolução da sociedade é estonteante. Desde o aparecimento de novas tecnológicas que há 20 anos pareciam vindas de outro planeta (como a internet, carros autónomos, inteligência artificial, etc…), até ao facto de que foi apenas há 120 anos em que era comum a imagem de Nova York com engarrafamentos devido ao excesso de cavalos na estrada.

Desde o início do seculo passado, a humanidade já vivenciou duas guerras mundiais que colocaram em causa a própria existência da humanidade. Albert Einstein, quando perguntado se achava que iria existir uma terceira guerra mundial, respondeu “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”, ou seja, depois da terceira guerra, nada sobrará a mais que isso.

Um dos momentos mais desesperantes para a humanidade foi a primeira guerra mundial (28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918). Este conflito à escala mundial, que envolveu as grandes potências de todo o mundo e provocou um número estimado de 30 milhões de baixas, foi um dos pontos mais baixos da história da Humanidade.

Neste cenário, o Natal e o Desporto tiveram um papel simbólico muito importante, pois foi nesta guerra que se deu a famosa trégua de 1914. No início do século, o futebol dava uma grande demonstração de sua capacidade de aproximar as pessoas e, segundo registros históricos, desde a véspera do Natal, soldados alemães e ingleses cantavam juntos músicas de Natal em suas próprias trincheiras. Contudo, foi no dia 25 de dezembro de 1914 que resolveram largar as armas e abandonar seus postos para trocar prendas com o inimigo e organizar uma partida de futebol. Este episódio serviu até de inspiração a Paul McCartney quando compôs a música “Pipes of Peace”.

A trégua é vista como um momento simbólico de Paz e como um ato de Humanidade, que aconteceu durante um dos eventos mais violentos da História Moderna. No ano seguinte criou-se uma tradição com algumas unidades dispostas ao cessar-fogo durante o Natal. Contudo em 1916, os soldados de ambos os lados cada vez menos viam os seus adversários como humanos, e a trégua de Natal não voltou a ser realizada.

O que ficou na História é que durante esta trégua, mais de 100 000 mil vidas foram poupadas, neste conflito. Este é um episódio que demonstra, que mesmo no desespero, o homem através do Desporto e da fraternidade pode encontrar um caminho de proximidade nas diferenças com o outro. A confraternização teve alguns riscos: alguns soldados foram mortos pelas forças da oposição. Em muitos setores, a trégua durou apenas até a noite de Natal, mas em outras continuou até ao Dia de Ano Novo.

Como diria Nelson Mandela "O desporto pode criar esperança onde outrora só havia desespero”. Bruce Bairnsfather, que serviu durante a guerra, escreveu: “Eu não perderia aquele único e estranho dia de Natal por nada deste mundo.”

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Autoria:Leonardo Cunha,6 dez 2019 6:17

Editado porSara Almeida  em  6 dez 2019 6:17

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