Exmos. Senhores,
Sou um minúsculo – das mais minúsculas criaturas que o sagrado ser humano possa germinar no seu ventre materno –, mas hoje, com perto de 84 anos de vida, uma notícia de última hora, divulgada no Canal televisivo SIC, fez agigantar a minha pequenez e a minha habitual curiosidade face aos acontecimentos inacreditáveis que o cérebro humano amiúde produz por este Mundo fora, e que hoje aconteceu em Portugal.
Eu, que de uma ninhada de oito filhos, um após o outro, nasci com apenas sete meses de gestação, na mais pequena e recôndita ilha de Cabo Verde – a Ilha Brava –, sobrevivi aos horrores da 2ª. Guerra Mundial, à Fome dos Anos Quarenta, que, devido à Seca e ao abandono dos Governos, chegou a "matar de fome" inúmeras pessoas por dia - (os "dias tristes" que a História não conta!), entre outros eventos históricos de grande impacto para a Humanidade.
Evidentemente que, para o caso, nada disso interessa, mas entendo que este meu desabafo é com certeza pronunciado por muitos Portugueses (e não só).
É insondável o capricho do cérebro humano! Quando pensamos que tudo está bem, este misterioso órgão vital nos prega partida. É o caso em apreço.
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Todo este chorrilho de um "invertebrado", que aparentemente nada tem a ver com o anúncio de última hora, em que os três virtuosos homens de Portugal (Terra do meu Bisavô materno) anunciaram ao País e ao Mundo a retirada do Dr. Centeno do cargo de Ministro das Finanças de Portugal e de Presidente do Eurogrupo, talvez tenha algum significado.
É que, não obstante a insignificância deste subscritor, quando o coração fala – mesmo na inocência do bem ou do mal que um caso acarreta –, a voz da Alma não deve ser sufocada.
Na gravidade do momento que o Mundo atravessa, conservar no Posto-Chave aquele que em tão pouco tempo tanto deu para o melhoramento do seu País, é um imperativo sagrado que nada deste mundo devia pôr termo.
O mundo mau, que muitas vezes provoca decisões que agradam a uma determinada política, pese embora a sua boa intenção, merece tratamento diferente.
Em ar de chalaça, o refrão bem Português – (que a minha inocência me faz crer e relembrar) –, "enquanto os cães ladram, a caravana passa", às vezes é preciso dar-se-lhe corpo.
A dois meses do fim do mandato no Eurogrupo, o grande homem que em tão pouco tempo conseguiu inverter a tendência negativa das finanças do seu País – (pese embora todas as razões que a minha inocência e Alma desconhecem) –, esta notícia de última hora que a SIC mandou para o Mundo, me fez sofrer, sem saber porquê.
Como o sentimento da alma de uma criança que reage a uma notícia desagradável, este aviso hoje comunicado pelos três virtuosos homens de Portugal e do Mundo, me fez confusão, e gostaria que fosse um sonho mau e não uma triste realidade.
É o que se me oferece transmitir-vos, de alma e coração, com toda a humildade e a pureza do sangue Lusitano herdado do meu Bisavô Pedro Ricardo Sabino Lucas de Vasconcelos, que, há quase dois séculos, deixou a sua terra natal e veio ajudar este Povo das Ilhas a construir uma estrutura melhor (onde, por sinal, foi Administrador da pequena ilha do Maio e, depois, Presidente da Câmara Municipal da Praia, Capital de Cabo Verde).
Fazendo votos a Deus Nosso Pai para que o sucessor consiga a plena continuidade do trabalho desse grande homem, que jamais será esquecido, termino com os meus mais respeitosos cumprimentos, pedindo desculpas pelo tempo roubado.
Atenciosamente,
Augusto Vasconcelos Lopes
Ilha de São Vicente, Cabo Verde, 09 de Junho de 2020