Qualquer pessoa com idade de namorar, seja ela, homem ou mulher está sujeita a violência pelo(a) companheiro(a), o que contrapõe com o sentido desse relacionamento, que é lindo quando prevalece o respeito mutuo, quando existe diálogo e quando se ama.
A violência no namoro, para além de ser crime, é um ato hediondo, vergonhoso, baixo e, por isso, deve ser combatido sem tréguas e jamais aceitar ser humilhado(a), maltratado(a), agredido(a), ameaçado(a) ou chantageado(a).
Ela se manifesta de diversas formas. Para lá de agressão física, deve-se estar atento também: à violência psicológica, que deixa marcas profundas para toda a vida; a violência sexual, que muitas vezes inibe a mulher, particularmente, a ter outros relacionamentos; a violência moral, que fere a vitima quando é exposta publicamente, perante familiares, amigos(as) e nas redes sociais; e ainda, a violência patrimonial, quando seus pertences são controlados pelo(a) parceiro(a), sentindo-se impedido(a) de os usar livremente, por exemplo vestir a roupa que quer.
Quem ama não machuca, por isso, não se deve estribar na ideia de que, quem maltrata é porque ama. O ciúme não é amor, é um sentimento, que quando exagerado torna-se patológico e pode levar à morte.
Em um relacionamento dominado pela violência, o clima nunca pode ser favorável à sua continuidade, razão por que se deve evitar cair no erro de perdoar a quem lhe agride. Hoje, oferece-lhe uma rosa, manhã leva-lhe para um jantar à luz de velas e no dia seguinte, por qualquer discordância, volta a agredir-lhe, repetindo-se, assim, esse ciclo já vicioso, que pode desembocar no feminicídio, ato que infelizmente vem se tornando um hábito entre nós.
Aquele que comete a agressão, não é o mais forte, pelo contrário, é um covarde, um fraco, uma pessoa sem escrúpulos que não respeita o(a) seu/sua parceiro(a), um(a) desconhecedor(a) da sociedade onde está inserido(a). É um ignorante das leis vigentes que previnem e reprimem a violência baseada no género e que estabelecem a igualdade de oportunidades entre o homem e a mulher.
Enquanto cidadãos devemos estar abertos(as) às informações que temos à nossa disposição, com destaque para a Lei nº 84/VII/2011 de 10 de janeiro, que estabelece as medidas destinadas a prevenir, reprimir e punir o crime de VBG em Cabo Verde, à participação nas atividades alusivas ao tema, como palestras, seminários e conferências, etc., pois só assim, será possível entendermos todas as formas de violência e juntos trabalharmos, de forma engajada, para erradicá-las do nosso cotidiano.
Evite construir uma família, com alguém que, no namoro, lhe agrediu, controlou a sua vida, lhe desrespeitou perante os amigos, lhe expôs nas redes sociais, lhe isolou da família e dos amigos, lhe humilhou, lhe tratou mal, e ignorou a sua decisão. Alguém que fez isso, não lhe merece e, provavelmente, vai continuar a fazê-lo.
Perante uma situação de violência, nomeadamente física, psicológica ou sexual, procure ajuda junto das autoridades policiais e judiciais, dos serviços de saúde, dos familiares, de um(a) amigo(a), de um(a) vizinho(a), das instituições dos Estado que cuida deste assunto e das Mulheres Multiplicadoras da Cidadania que estão nos bairros, nomeadamente, da Cidade da Praia.
Não fique em silêncio, denuncie qualquer tipo de violência. Diga Não à Violência no Namoro. A dignidade humana é um dos princípios fundamentais consagrados na nossa Lei Mãe e a violência, seja ela, no namoro, doméstica, familiar e de género, viola profundamente este importante princípio. Não deixe que alguém te impeça de ser livre e feliz. A prevenção é a chave para erradicar qualquer tipo de violência!
Maria do Céu A. B. Santos
Economista/Mestre em Gestão