A humanidade inata em nós, nos alerta e nos instiga a percebermos que, afinal, não somos além de humanos. Como tal, somos alertados a não ultrapassar os limites do bom senso. Sim, o bom senso, é justamente um fator de inteligência. Ninguém é alguma coisa sem o outro. Não importa que tipo de responsabilidade profissional temos, necessitamos que alguém esteja connosco e nos ajude de uma plena, livre e motivada. A humildade deve ser a maior engrenagem na gestão no ambiente profissional. A relação saudável e sem o pressuposto da arrogância, é a maior demonstração da nossa humanidade e excelência comportamental.
Ninguém poderá ser grande sem o outro e ninguém sem o outro poderá ser grande. Somos uma espécie que sem o outro não sobrevive. Aí daquele que esquece que é humano. Um certo escritor disse: "Temos que reconhecer que somos apenas humanos". Como tal, sentimos, reagimos emocionalmente, choramos, perdemos e ganhamos. As nossas ambivalências emocionais são evidências absolutas que não podemos nos manter no pódio sempre. Alguém terá que nos dar a mão e estar connosco nos momentos em que os desafios batem à porta. Até o mais poderoso do ser humano passa por dificuldades e às vezes sente-se sozinho.
Nada melhor e mais produtivo do que estabelecermos uma relação de interajuda e boa camaradagem no ambiente profissional. O espírito competitivo predatório não serve e nem é salutar no seio profissional. Quebra o clima natural, neutraliza a espontaneidade e contribui para um distanciamento interpessoal.
A autoestima profissional é uma das qualidades mais do que indispensáveis para manter a equipa no rumo certo. Mantendo um olhar altruísta e sem a ditadura da comparação.
Devo salientar que uma das principais engrenagens na promoção de uma relação de interajuda passa pelo exercício de quem está à frente como líder ou chefe. Se o líder ou chefe não for capaz de promover a gestão eficiente dos recursos humanos que dispõe, será muito difícil um alto sentido de interajuda entre os colegas ou a equipa de trabalho.
Do contrário, o espírito antagónico e predatório, assumirá o comando e dificilmente haverá um clima saudável e profícuo. Não é por acaso que temos profissionais desmotivados e por vezes, com excessivo grau de desânimo.
A motivação profissional se inicia com o autovalor, a autoestima e a autoconfiança. Naturalmente, o ambiente entre os colegas de trabalho entra na lista de um dos elementos preponderantes e vitais na promoção de um clima onde a qualidade emocional e sentimental estarão presentes.
Não tenha ilusão de ser a última e exclusiva versão. Somos apenas humanos e precisamos reconhecer essa dimensão absoluta e privilegiada.
Adotar qualquer outra perspetiva seria contraproducente e destrutiva.
A humildade deve prevalecer antes de tudo e, sem isso, o espírito de falsa grandeza e arrogância podem ser os elementos estranguladores. Nenhum ambiente profissional sobrevive com o método antagónico. A interajuda se promove no espírito da humildade e do reconhecimento que não sou mais do que ninguém, mas apenas privilegiado com o dom e a arte de servir. Falando de servir, só quem é grande serve, e todo aquele que serve, vive a dimensão mais profunda da sua real humanidade.
Na mesma medida que a nossa humanidade nos coloca no âmbito identitário, único e esplêndido, irá nos transpor para o âmbito de uma superficial vulnerabilidade. Essa tal possível oscilação marca a nossa existência permanente. Evidente, que nessa descoberta fantástica e humana, nos redescobrimos como realidade indispensável para um viver menos eu (Individualismo) e numa ação mais coletiva (Humanidade).
A completude se dá na esfera da generosidade e não num individualismo caricato e enfadonho. Quanto mais somos, mais doamos de uma forma livre, espontâneo e produtiva. Quanto menos somos, menos temos e menos vivemos. A essência é o que realmente somos, o resto são fatores externos, mas quando tudo se for, sobra o que realmente somos, isto é, a nossa essência.
Quem somos define e redefini o nosso progresso ou fracasso. Não adianta atropelarmos o processo; o sentido mais pleno da vida está justamente no que às vezes colocamos no secundário.
Nada mais valioso do que sermos capazes de promover a interajuda e o desenvolvimento interpessoal.
O maior ativo na promoção de um desenvolvimento profissional é uma equipa de indivíduos cuja marca realça a boa convivência, o sentimento genuíno altruísta e sobretudo a capacidade de dar o melhor de nós. A relação interpessoal saudável deve ser um dos aspetos mais importantes a se levar em conta.
Grandes líderes não formam grupos, formam equipas de trabalho para um fim comum e, sobretudo, trabalham para que o espírito de interajuda prevaleça.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1216 de 19 de Março de 2025.