Valores e princípios inegociáveis no ambiente laboral: a lealdade e os seus trâmites

PorLino Magno,19 mai 2025 10:14

Lino Magno, Teólogo, Cronista e Colunista
Lino Magno, Teólogo, Cronista e Colunista

​Em 1930 deu-se o início numa fábrica nos Estados Unidos à teoria das relações humanas, com a tónica na interação social e nas relações humanas.

Com isto, elaboraram uma pesquisa com vista numa visão mais produtiva e realização dos funcionários.

O resultado final veio a dar razão no que diz respeito à interação social positiva, à valorização individual, dignidade e relacionamento interpessoal qualitativa.

O grande filósofo ateniense Sócrates deixou-nos uma das mais importantes pérolas da relação humana e do valor humano: "Conhece-te a ti mesmo".

Sem dúvida temos aqui meandros profundos da introspeção, autoconhecimento e da própria psicanálise. Uma luz que ilumina internamente, um percurso que não exclui uma sincera resposta das atitudes numa recomposição livre e autónoma.

Um autoconhecimento genuíno, que não dispensa a ousadia a um desenvolvimento contínuo.

Neste processo nasce o autovalor, a autoconfiança e o poder identitário como substrato indissolúvel. Alguém disse:

"A minha lealdade vem antes do meu amor". O contexto real desta frase realça dois elementos cruciais: a justiça e a verdade. Consubstanciar a integridade como fundamento indispensável no escopo panorâmico da lealdade é importante. Quando a nossa lealdade carrega o sentido da verdade e da justiça, nenhuma outra atitude ou valor a sobrepõe. Por mais que tenhamos um sentimento de amor e estima por alguém, mesmo assim a lealdade deve manter o seu espaço de honra e primazia.

A lealdade não é o que eu sinto, mas sim o que devo fazer. Não é produto do sentimentalismo. É amparado pela razão e personalidade. É o princípio do dever e a ética em evidência.

A lealdade é um elemento fundamental no quesito da boa estruturação pessoal, profissional, familiar e social. Antes de mais, é imprescindível não confundir lealdade com o suicídio da identidade e da imparcialidade.

A lealdade é um dos traços de carácter mais importante num indivíduo. Ser leal não é o mesmo que abraçar tudo que o outro diz e pensa. Se fosse assim, não seria lealdade, e sim, complacência, medo, manipulação e conivência. Uma boa parte das pessoas tem um conceito errado sobre a lealdade e por isso, acabam exigindo o comportamento leal, mas não sabem que a lealdade não é uma exigência. Quem é leal, o é porque sabe que ela é um traço de carácter e não uma mera peça decorativa no ambiente profissional, familiar e social. Existem pessoas que jamais serão leais a ninguém justamente porque o carácter está comprometido. Não podemos confundir lealdade com a conveniência, oportunismo e interesses pessoais.

Eu não sou leal porque me convém, a minha lealdade é fruto da minha identidade pessoal e alto sentido de carácter. A lealdade não é uma obrigatoriedade, nem uma ação instrumentalizada com fins premeditados. Não podemos criar uma situação em que alguém terá que ser leal a nós mesmos sabendo que estamos errados ou agindo injustamente.

Não poderá haver nenhuma lealdade diante de uma ação imoral ou antiético.

Ser leal não é o mesmo que abraçar tudo que o outro diz e pensa. Se fosse assim, não seria lealdade, e sim, complacência, medo, manipulação e conivência.

A lealdade prevalece onde a verdade não é subjugada. É uma atitude espontânea, livre, consistente e consciente.

É uma resposta que prioriza o bem comum e reforça o desenvolvimento coletivo. Ela não se responde no razoável; sua ambição é a coerência, integridade e respostas que colmatam lacunas, derrubando discrepâncias.

O carácter holístico da lealdade abrange aspetos da reciprocidade, do bem-estar e da felicidade. No campo profissional, quem lidera deve ser leal à sua equipa de trabalho e os membros da equipa devem também ser leais entre si e em relação à liderança. A deslealdade cumpre a sua sentença destrutiva, causando desordens e consequências profundas. Estamos certos que ser leal num mundo extremamente competitivo e materialista não é fácil. Está claro que nenhum ambiente ou relação humana sobrevive sem a lealdade.

Não podemos confundir lealdade com conivência e concordância conveniente. Os valores que devem nortear a relação interpessoal no ambiente de trabalho devem ultrapassar o âmbito restrito ou conveniente. A soma de atitudes deve promover o bem-estar e mudanças que reflitam a coletividade. Repensar as atitudes, vislumbrar mudanças necessárias e redescobrir uma visão holística da lealdade.

O livro "Inteligência Emocional" de Daniel Goleman foi publicado pela primeira vez, em 1995, nos Estados Unidos. A versão em português foi lançada pela Editora Objetiva. Traz-nos um excelente subsídio para a formação da nossa capacidade emocional, gerando competência interpessoal. O clássico livro "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" foi escrito por Dale Carnegie e publicado pela primeira vez, em 1936. A obra, que rapidamente se tornou um bestseller, continua a ser um guia popular para melhorar as habilidades de comunicação e relacionamentos interpessoais em diversos setores e conjunturas. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1224 de 14 de Maio de 2025.

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Autoria:Lino Magno,19 mai 2025 10:14

Editado porAntónio Monteiro  em  19 mai 2025 10:14

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