O termo passou a ser usado para descrever o comportamento de adiar tarefas importantes de forma sistemática, e não apenas um adiamento ocasional. É o acto de deixar para depois.
Procrastinar é adiar sempre, sendo assim, o sujeito que procrastina nunca chegará ao objetivo desejado. Atrasa a si mesmo e tudo que está à sua volta.
Todo o procrastinador atrasa a sua própria vida e põe em risco o seu próprio desenvolvimento.
O que é a procrastinação? É a incapacidade de uma pessoa em não fazer aquilo que deve ser feito no tempo necessário e com resultados positivos. É a incapacidade de um posicionamento consciente, responsável e um compromisso consigo próprio e com as oportunidades que nos rodeia.
É alguém que boicota a sua própria decisão, desenvolvimento pessoal e nas demais atividades que exerce.
Existem algumas causas da procrastinação. Iremos apontar algumas delas: o vitimismo está na lista das principais causas. Todo o procrastinador assume uma postura passiva diante da vida, com isso, deixa transparecer o seu carácter vítimista e incapaz de uma autoconfiança e autoestima.
Uma segunda razão que acaba por assumir um sentido estrangulador, é justamente a autoestima. A autoestima é o reflexo da imagem que o sujeito tem de si mesmo, pautada por um sentimento de valor, capacidade e espírito autoconstrutivo. Isso mesmo! O espírito construtivo acompanha a alma de quem tem uma boa autoestima.
Um terceiro elemento da procrastinação, é a falta de organização. A desorganização é um mal que destrói a clareza dos objetivos, ao mesmo tempo, a conexão entre o sujeito que procrastina e as oportunidades desperdiçadas. A organização nos aponta para planos estabelecidos, objetivos definidos e os meios para conseguir cada plano delineado. Quem não se organiza não saberá o que fazer e com isso, acaba perdendo em sua própria "anarquia pessoal". Já falamos até agora de elementos que impossibilitam a procrastinação.
Um elemento importante que poderá nos ajudar a não procrastinar, é o que eu chamo de senso de importância. Quando não temos a verdadeira noção da importância daquilo que desejamos fazer ou alcançar, dificilmente assumimos uma atitude firme e constante perante os nossos objetivos e planos.
O senso de importância nos ajuda a não desperdiçar nenhuma oportunidade e nos colocam na posição de líderes e protagonistas da nossa própria história.
O poder de iniciativa entra na lista dos que desejam não procrastinar. Significa que assumimos as rédeas da nossa vida, dos nossos planos e das consequências.
A iniciativa é o despertar do sono da inércia pessoal com o objetivo de alcançar outros espaços e esferas. Nada se consegue sem a iniciativa. É o início de tudo.
Superação do medo. O medo nos impede de agir no tempo certo, neutralizando resultados positivos. Esse fator (o medo) é estrangulador, inibi o indivíduo e o reduz à emoção paralisante. A programação mental do sujeito que se nutre do medo, é marcada por negativismo, ausência de uma visão otimista e se prende nas crenças da autosabotagem.
Quais as crenças representam atitudes da autosabotagem?
Eu não sou capaz, não tenho condição para alcançar os objetivos, sou um perdedor, todos conseguem, mas eu não.
Poderia enumerar outras crenças que nos conduzem ao comportamento da autosabotagem. É importante fazermos uma autoanálise para identificarmos se alimentamos algumas dessas crenças ou não. Com isso, teremos condição de alavancarmos nova programação mental e nova perspetiva.
Todo o procrastinador carrega o peso do medo e a falta de coragem para agir com determinação e audácia. Se aprisiona ao estilo de quem não consegue desatar o âmago do problema e dar novos pulos e novos significados perante a vida.
Crenças limitantes não deixam de ser sintomas do que está no mais profundo do subsolo da mente do sujeito procrastinador. Assim sendo, ainda nos resta dizer: lidar com um procrastinador não é uma tarefa fácil. Permanece quase sempre numa luta tirânica de querer dar um paço em frente, mas a programação mental não lhe favorece. Aliás, já sabemos que os hábitos determinam as atitudes.
O campo neurológico formatado sob os auspícios de crenças limitantes e hábitos neutralizadores, formam a plataforma da incapacidade comportamental proactiva. Do "vazio neurológico" ao crivo limitante, pois, o que "a mente pensa é real" e se a ela não estiver programada para atuações pujantes e realizações significativas, será difícil atingir o padrão de existência. Todo o procrastinador alberga consigo um turbilhão de crenças limitantes e se fecha numa perspetiva paralisante.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1239 de 27 de Agosto de 2025.