A proposta que discutimos na altura permitiria dar um salto qualitativo ao futebol, num primeiro momento, e posteriormente às restantes modalidades desportivas. Infelizmente, não vencemos as eleições e, com isso, entendemos que não só a cidade da Praia saiu a perder, mas também os seus atletas.
No desenho do Programa Eleitoral, a nossa proposta tinha como eixo central a tão desejada sustentabilidade financeira dos clubes desportivos da capital.
Presidentes,
É possível traçar e implementar um programa de desenvolvimento do futebol que crie condições reais de sustentabilidade para os clubes federados e, consequentemente, conduza à profissionalização da modalidade. A ideia central é simples: passar a encarar o desporto ― em especial o futebol ― como uma indústria de entretenimento. Só a partir desta visão, com clubes organizados sob a forma de Sociedades Anónimas Desportivas (SAD), será possível garantir a sustentabilidade e a autonomia financeira dos clubes. Dessa forma, a sustentabilidade da Associação Regional também estaria assegurada, permitindo a profissionalização dos atletas e das equipas dirigentes.
Como concretizar isto?
1.Criar uma Nova Liga de Futebol, uma marca competitiva e melhor organizada. A Câmara não teria papel direto na organização, mas, como proprietária dos recintos desportivos, assumiria o papel de promotora e parceira desta Nova Liga.
2.Ceder cinco (5) a seis (6) equipamentos desportivos (campos relvados dos bairros) para gestão dos clubes. Após devidamente requalificados, esses recintos seriam entregues aos clubes, permitindo-lhes gerir e rentabilizar economicamente os espaços. Em vez de investir milhões apenas na construção de um novo Estádio da Várzea, a proposta inicial passava por requalificar e ceder os recintos já existentes, como alicerce da Nova Liga.
Com esta estratégia pretendíamos resolver dois problemas centrais:
- O estado de abandono e má gestão dos equipamentos desportivos pela atual edilidade;
- A ausência de fontes de rendimento para os clubes, que passariam a participar diretamente na gestão dos recintos.
Assim, com melhores condições para a prática do desporto e maior autonomia financeira, os clubes poderiam elevar o nível competitivo da capital.
Consolidada esta primeira fase, que visava criar condições para a sustentabilidade financeira e o profissionalismo dos clubes e da Associação Regional de Futebol, a Câmara estaria em posição de exigir não apenas uma gestão eficiente do património e das finanças, mas também que todos os clubes federados se tornassem clubes ecléticos, abrangendo outras modalidades além do futebol.
Numa segunda fase, após a consolidação de uma experiência de gestão profissional (num período de três anos) e da correção das falhas identificadas ― na organização, fiscalização e outros aspetos ―, a Nova Liga e a Câmara Municipal dariam o passo seguinte: a modernização do Estádio da Várzea, transformando-o numa Nova Arena.
O projeto do Novo Estádio da Várzea propõe transformar o atual recinto desportivo numa Arena Multifuncional, capaz de gerar receitas sustentáveis através de atividades desportivas, culturais, comerciais e de entretenimento.
Este redimensionamento e redesenho passa pela transformação do Estádio da Várzea numa Arena Multifuncional, projetada para abranger um vasto leque de atividades económicas ― restauração, lojas, serviços bancários e outros ―, bem como diferentes atividades desportivas e de entretenimento, como espetáculos, concertos e shows, visando a captação de investimentos e o aumento das receitas.
Se o povo da Praia nos tivesse dado essa oportunidade, seria precisamente a partir da criação de condições para o aumento significativo das receitas provenientes da nova Arena da Várzea ― oriundas do recinto, dos patrocinadores e de outras fontes ― que se garantiria a sustentabilidade financeira das atividades dos clubes desportivos federados da Praia. Deste modo, criar-se-iam as melhores condições para a profissionalização do futebol praiense.
A profissionalização do futebol não apenas elevaria exponencialmente a competitividade da modalidade, como também traria ganhos para outras práticas desportivas, na medida em que grande parte dos clubes federados são clubes ecléticos, ou seja, desenvolvem mais do que uma modalidade.
Para além da sustentabilidade da competição desportiva, a construção da nova Arena representaria também um impulso de requalificação urbana e valorização do entorno, beneficiando a cidade da Praia através da geração de empregos, dinamização de negócios e fortalecimento da economia local. Além disso, proporcionaria novas opções de lazer e serviços à população, podendo ainda atrair turistas e fomentar a cultura.
A iniciativa visa:
§Profissionalizar o futebol da Praia, fortalecendo clubes e a Associação Regional;
§Garantir sustentabilidade financeira, reduzindo a dependência de subsídios públicos e criando novas fontes de receitas (patrocínios, bilheteiras, serviços, eventos);
§Atrair investimentos e parcerias, com maior capacidade de crescimento e autonomia;
§Valorizar a cidade, promovendo requalificação urbana, geração de empregos, dinamização económica, lazer e turismo.
A proposta incluiria ainda a criação de uma empresa de gestão da Nova Liga de Futebol de Santiago Sul, responsável pela administração das competições e pela captação de parceiros para a construção e exploração da Arena.
A nova Arena deverá ser polivalente, com:
Relvado sintético;
Estrutura para diferentes modalidades e grandes eventos (concertos, shows, espetáculos);
Bancadas móveis e espaços adaptáveis;
Fácil acesso para logística e montagem de palcos.
Em suma, o projeto procura transformar o Estádio da Várzea num equipamento moderno e rentável, garantindo sustentabilidade ao futebol praiense e trazendo benefícios sociais, culturais e económicos para a cidade da Praia.
Prezados Presidentes,
Eis, portanto, a espinha dorsal do programa que traçámos para o desporto na Cidade da Praia: sustentabilidade financeira, profissionalização, Nova Liga de Futebol, constituição de Sociedades Anónimas Desportivas, cedência de equipamentos para gestão e ecletismo.
Com estas bases sólidas, a Câmara, os clubes e a Associação Regional estariam em condições de avançar para a construção da Arena da Várzea, um recinto moderno e multiuso que substituiria o velho estádio. A construção desta Arena, além de dignificar o desporto nacional, permitiria consolidar a Nova Liga de Futebol e assegurar a sua sustentabilidade a longo prazo.
Com os meus melhores cumprimentos,
Rony Moreira
P.S.: partilho esta visão porque a situação atual dos recintos desportivos da Cidade da Praia é, infelizmente, lastimosa e preocupante. Quem sabe, lendo o artigo o Sr. Presidente Francisco mude a sua atuação politica e passe a dignificar os clubes e os atletas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1245 de 08 de Outubro de 2025.