#ELASnaTech:De processos a pessoas - o papel feminino na construção da Justiça Digital

PorVânia Fernandes Pereira,27 dez 2025 8:30

Vânia Fernandes Pereira (Administradora Executiva do Instituto da Modernização e Inovação da Justiça - IMIJ, Cabo Verde)
Vânia Fernandes Pereira (Administradora Executiva do Instituto da Modernização e Inovação da Justiça - IMIJ, Cabo Verde)

Como a presença feminina aproxima a transformação digital do seu propósito maior: servir o ser humano

Durante muito tempo, acreditei que o meu futuro estaria no Direito, sendo uma advogada - talvez pela influência da profissão do meu pai, dos livros e códigos que fizeram parte da minha infância. Até que o destino me levou por outro caminho: a tecnologia.

Tudo começou com um estágio na antiga RAFE, hoje transformada no NOSI. Entrei apenas para aprender, mas acabei por me apaixonar pelos sistemas e pelos códigos. Pouco tempo depois, fui contratada e decidi seguir o meu percurso académico na área das tecnologias. Coincidentemente, os primeiros projetos que me atribuíram estavam ligados à justiça. Desde então, o meu percurso profissional tem sido uma ponte entre esses dois universos.

Mais de duas décadas depois, aprendi que trabalhar com tecnologia na justiça é muito mais do que lidar com máquinas e códigos. O verdadeiro desafio é humano: conquistar a confiança de quem usa os sistemas. Por mais avançadas que sejam as tecnologias, se as pessoas não confiarem nelas, simplesmente não as utilizam - e nenhum sistema pode cumprir o seu propósito se não for usado. Construir essa confiança é um trabalho diário, feito de resultados consistentes, comunicação e respeito por quem está do outro lado do ecrã.

E é justamente nessa construção diária de confiança que a mulher tem um papel essencial. Ela é, muitas vezes, quem escuta, media e traduz as necessidades humanas para a linguagem da tecnologia, garantindo que as soluções digitais não percam de vista quem realmente importa: as pessoas.

Esse olhar cuidadoso e humano traduz, na prática, o verdadeiro sentido da humanização tecnológica: compreender antes de automatizar, transformar códigos em soluções que simplificam a vida e assegurar que cada inovação tecnológica sirva, de facto, o ser humano - e não o contrário.

A presença feminina traz empatia, sensibilidade e equilíbrio a esse processo, tornando a transformação digital mais próxima e significativa para todos.

Felizmente, este caminho não é solitário. Tenho a sorte de o partilhar com muitas mulheres inspiradoras - líderes, técnicas e gestoras - que mostram que a tecnologia é uma área para todos e que nenhuma mulher deve temer, porque o futuro precisa de mais mãos femininas a criar, decidir e transformar.

“A tecnologia ganha alma quando tem o toque de uma mulher.”

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1256 de 24 de Dezembro de 2025.

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Autoria:Vânia Fernandes Pereira,27 dez 2025 8:30

Editado porDulcina Mendes  em  27 dez 2025 8:30

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