Os cálculos são das famílias abordadas pela reportagem da Inforpress no momento em que se redobra o frenesim para os últimos arranjos, agora com incidência particular no apuramento das finanças para a compra dos materiais escolares definidos pelas escolas, como sendo “obrigatórios”, e que além dos livros, manuais e uniformes, também se juntam os custos com os transportes e outros.
Tal como acontece todos os anos, o regresso este ano lectivo às aulas dos 140.521 alunos do pré-escolar ao ensino secundário fez movimentar um "negócio lucrativo" para as livrarias e vendeiras ambulantes, com estas, na maioria dos casos,a fazerem concorrência tentando acomudar preços mais económicos e convidativos aos bolsos de muitos pais.
Entrevistado pela Inforpress, o responsável da Livraria Diocesana, Adrião Moniz indicou que o custo médio dos livros e materiais que as escolas solicitam, pode levar a que alguns pais tenham dificuldades em suportar os custos com a educação dos filhos.
Se no primeiro ano os três manuais exigidos rondam os 600 escudos, no 2º ano o preço sobe em média 200 escudos, e no 4º ano fica ainda mais caro, sem falar do 8º, 9 e 10º anos.
Feitas as contas, a família de uma criança que inicia o Ensino Básico Integrado (EBI) deve gastar pouco mais de 2 mil escudos em apetrechos, mas os que enviam os filhos para o Ensino Secundário devem sacar à volta dos 5 mil escudos.
De acordo com a fonte na Livraria Diocesana no bairro da Achada Santo António (Cidade da Praia), há preços para todos os bolsos, com cadernos que vão dos 90 a 200 escudos, bolsas que variam de preço, indo dos 600 a 1.900 escudos consoante qualidade e marca, materiais didácticos, com excepção dos três livros de Ensino Básico que aumentaram de preço por decisão do Ministério da Educação, com os restantes materiais a continuarem a ser acessíveis como nos anteriores.
Adrião Moniz garante que estão munidos de quase todos os materiais escolares para vender, à excessão de alguns livros do 9º a 12º ano que ainda não estão no mercado, devido ao atraso do próprio Ministério da Educação.
“Repare, se todos sabem que as aulas iniciam em Setembro, como é que um departamento responsável para distribuição de livros escolares vai de férias e deixa tudo para última hora. Isso é inaceitável, mas não temos nada a fazer”, comentou.
Ângela Vaz, uma dona de casa também entrevistada pela Inforpress, disse que neste momento é preciso saber gerir o orçamento familiar, porque é difícil conseguir comprar material escolar e uniformes aos dois filhos que vão à escola.
“Normalmente faço uma sondagem dos preços e compro onde estiver mais barato. As lojas chinesas têm sido uma opção para nós que temos menos poder financeiro”, disse.
Pelas contas que fez, revela uma outra mãe, é preciso incluir ainda os uniformes e os acessórios para a educação física. Os uniformes para o secundário custam entre os 2000 a 2.200 escudos e os acessórios para educação física rondam os 1300 escudos. "Não há bolso que suporta”, desabafa Eunice Amado.
No entanto, a educação é vista hoje em dia por muitas famílias cabo-verdianas como sendo um dos melhores investimentos, razão por que primam pela qualidade do ensino. Daí a opção, paulatinamente para o ensino privado por parte das famílias com maior poder financeiro.
Por exemplo, Sandra Vaz, uma outra entrevistada da Inforpress é uma delas.Segundo revelou, despertada pela necessidade da filha ter uma melhor qualificação educacional, optou pelo ensino privado onde deve gastar no arranque deste ano lectivo, à volta dos 10 mil escudos.
“A educação é o melhor investimento que possamos reservar aos nossos filhos, e foi por isso que fiz esta opção sem pensar no custo. Hoje já são dois e o peso é muito maior, mas não deixarei nunca de lhes dar o melhor”, desabafou.