Jacquelino Semedo: Exemplo de vida e de superação

PorDulcina Mendes,26 abr 2015 0:00

Apesar de sofrer de paralisia cerebral, Jacquelino Semedo sempre lutou por aquilo em que acredita e nunca desistiu dos seus sonhos. O jovem não fica à espera da caridade dos outros, pelo contrário, vai em frente e conquista os seus objectivos por mérito próprio.

 

Jacquelino tem mostrado que não é impossível, quando se quer, alcançar os objectivos. Na vida, basta acreditar que somos capazes e conseguimos sempre chegar onde queremos. Apesar das limitações e da pobreza, o jovem nunca desistiu de sonhar e de se desafiar a si mesmo.

Vive num dos bairros mais carentes da cidade [São Pedro] e, como obteve uma boa média no ensino secundário, conseguiu uma bolsa de estudos para frequentar a universidade.

O jovem recorreu a bolsa de estudo para prosseguir os estudos superiores porque, conta-nos, a sua mãe morreu quando ele tinha apenas três anos de idade. Conheceu o pai há pouco tempo e foram os avós maternos que o criaram, mas estes não tinham meios para custear os seus estudos.

Hoje, após quase quatro anos, está a fazer estágio para concluir a sua licenciatura em Engenharia Informática.

O futuro engenheiro informático, que se assume como um apaixonado pelas tecnologias, tem sabido aproveitar as oportunidades que a vida lhe deu. Neste momento o seu objectivo é terminar esta etapa e começar a trabalhar para poder fazer mestrado e doutoramento, pois vontade não lhe falta.

 

Estudo, o seu foco

Rapaz humilde e generoso, Jacquelino quer através dos seus estudos ajudar outras pessoas que tem a mesma limitação que ele, principalmente na área da educação especial.

Segundo diz, nunca foi difícil estar em pé de igualdade com outros colegas “ditos normais” por possuir paralisia cerebral, porque acredita que “em qualquer lugar onde estiver, se não for o primeiro terá que estar no mínimo no meio, porque último não é e nunca será o” seu lugar. Quanto ao seu curso, é essencialmente prático, mas também sempre teve apoio moral de todos que o rodeiam, revela.

O seu esforço e capacidades são reconhecidos pelos que o conhecem. O PCA da Caixa Económica, Emanuel Miranda, disse, no final da 3ª Gala Internacional de Dança em Cadeira de Rodas que aconteceu no passado mês de Março, que Jacquelino fará parte da família Caixa, por ser um dos melhores estagiários da instituição. Algo que terá agradado ao jovem, cujo sonho é, como referido, ter um emprego para poder fazer o seu mestrado e posteriormente um doutoramento.

Jacquelino acrescentou ainda que o gesto do PCA da Caixa Económica é de generosidade e de incentivo. “Ele é uma pessoa generosa e sensível. Se farei parte da família Caixa, não sei. Sou uma pessoa que gosta de dar um passo de cada vez e de andar com os pés firme no chão. Sempre lutei para realizar cada um dos meus sonhos e certamente que continuarei a lutar pelos meus sonhos”, disse. 

 

Dança, um dos seus sonhos e desafio

Desde da primeira Gala Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, realizada pelo grupo Mon na Roda, Jacquelino sobe ao palco e mostra que a sua limitação não é barreira para desistir de fazer aquilo de que gosta. Desafiou-se a si mesmo, mentalizou-se de que ia conseguir dançar e conseguiu.

Este ano, na 3ª Gala, foi, aliás, um dos dançarinos que mais surpreendeu o público.

Jacquelino gosta de pesquisar e estar em sintonia com novos conhecimentos, tem as suas actividades normais semelhantes a muitos jovens da sua idade. E apesar de estar sempre focado nos estudos, tira sempre um tempo para ensaiar com o grupo Mon na Roda. 

O jovem sublinha que as suas limitações não o impedem de fazer nada. “Ainda não descobri [algo que não conseguisse fazer].É claro que sinto algumas limitações em realizar certas actividades, mas no final consigo sempre realizar as tarefas, mesmo que às vezes leve mais tempo do que os “ditos normais”, conta Jacquelino.  

Sendo um dos elementos do grupo de dança Mon na Roda, Jacquelino já esteve nos palcos nacionais e internacionais. “Senti-me muito feliz e orgulhoso do meu grupo, que não é bem um grupo, mas sim uma família bastante unida em todas as horas, principalmente nas horas difíceis”. 

O gosto pela dança surgiu, segundo diz, não só por ser uma pessoa que gosta de desafios e mas também pelo ambiente saudável, que o faz crescer tanto fisicamente como mentalmente, vivido no grupo. Mon na Roda funciona como uma terapia para ele, afirma. 

O jovem confessa que houve algumas dificuldades em mostrar as coreografias na 3ª Gala. “Até para os profissionais com recursos para contratar coreógrafos profissionais seria difícil, ainda mais para eles que não tinham um coreógrafo”. 

 “Quando temos oportunidade e somos tratados com igualdade, podemos mostrar as nossas potencialidades, dando os nossos contributos para o desenvolvimento da nossa sociedade e o nosso país. Não conheço ninguém melhor do que eu, ou com mais capacidade do que eu, conheço sim, pessoas com mais oportunidades do que eu”, diz ainda, em tom de conclusão, como quem sabe que irá sempre superar-se e é já um exemplo de vida.

 

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Autoria:Dulcina Mendes,26 abr 2015 0:00

Editado porDulcina Mendes  em  24 abr 2015 18:14

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