Suspeita de nova praga concentra atenções da campanha agrícola

PorChissana Magalhaes,14 jul 2017 15:07

O Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) anunciou hoje (14) os objectivos da campanha agrícola e fitossanitária 2017 e avançou a suspeita da chegada a Cabo Verde de uma nova praga particularmente prejudicial à cultura do milho. Medidas de emergência já estão a ser preparadas.

O Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) anunciou hoje (14) os objectivos da campanha agrícola e fitossanitária 2017 e avançou a suspeita da chegada a Cabo Verde de uma nova praga particularmente prejudicial à cultura do milho. Medidas de emergência já estão a ser preparadas.

 

A campanha agrícola deste ano, que teve o seu arranque em Maio com um conjunto de acções para reforço das capacidades das delegações do MAAS em todo o país, tem como principal objectivo reduzir o impacto das situações adversas da agricultura "com vista a melhorar as condições de existência sustentáveis das populações e reduzir o êxodo rural".

Uma das "situações adversas" que Cabo Verde poderá enfrentar este ano é uma nova praga “muito mais devastadora” e que pelas suas características está a preocupar as autoridades. Trata-se da lagarta-de-cartucho-de-milho (nome científico spodoptera frugiperda), considerada uma das pragas mais prejudiciais à cultura do milho mas que também ataca mais de uma centena de plantas pertencentes a mais de 27 espécies diferentes, entre elas feijões, batata, alface, mancarra, bata-doce, beringela, cebola, couve, citrinos, melão, repolho, etc.

Originária do continente americano, onde tem provocado grandes prejuízos económicos, inclusive perda da produção em 100%, sobretudo nas culturas de milho (no Brasil avaliam-se perdas económicas entre 400 a 600 milhões de dólares por ano), esta praga foi detectada pela primeira vez em África em Janeiro de 2016, na Nigéria. A presença da lagarta foi depois registada em São Tomé e príncipe, Gambia, Togo, Mali, Nigéria, Burkina Faso, entre outros.

Embora não esteja ainda confirmado a 100% o aparecimento da spodoptera frugiperda em Cabo Verde – Santo Antão (Ribeira Grande) e Santiago (São Domingos, São Lourenço dos Órgãos, Calheta de São Migue, Santa Catarina, Santa Cruz e Tarrafal) são as ilhas a concentrar a atenção do MAA e parceiros. Os técnicos dos serviços de protecção vegetal da DGASP, do INIDA e das delegações do MAA da ilha de Santiago reuniram-se na sexta-feira passada para discutir a situação e preparar a elaboração de um plano nacional de emergência face à praga em questão.

“A curto e médio prazo estamos apostados em fazer um controlo integrado, ou seja, métodos para controlar a praga sem causar danos extremos ou ambientais, seja a nível do homem ou do ambiente em si”, avançou a presidente do INIDA, Ângela Moreno.

O controlo integrado contempla métodos em diferente frentes, nomeadamente nas práticas culturais, no controlo biológico e no controlo químico.

“As práticas culturais terão que ser efectuadas com mais cuidado, os agricultores devem evitar fazer plantação em zonas contaminadas, devem destruir os focos detectados, evitar partilhar material vegetal contaminado”, esclareceu a representante daquele centro de investigação.

A introdução de inimigos naturais como predadores, outros insectos que conseguem comer esta lagarta é outra medida a ser implementada com a vantagem desta espécie ser muito atacada pelos seus inimigos naturais. Também se prevê o controlo químico, mas o uso de pesticidas será feito com muito controlo e segurança.

O plano nacional de emergência prevê a participação de parceiros internacionais, nomeadamente a FAO. Neste sentido, já está elaborada uma nota conceptual com o fim de Cabo Verde vir a beneficiar de financiamento a um Programa de Cooperação Técnica para apoiar o combate a esta praga.

A EMBRAPA (Brasil), o PERVEMAC II (Macaronésia), a CEDEAO e o CORAF são outros importantes parceiros com os quais o MAA espera poder contar para enfrentar o desafio.

Outros aspectos tidos em conta na preparação da campanha agrícola e fitossanitária estimam a realização de uma série de actividades, desde disponibilização de sementes aos agricultores e sensibilização a estes, no sentido de evitarem a queima na preparação do solo, disponibilização de pesticidas para combate as pragas habituais, lançamento de sementes para pasto e sensibilização para recolha e conservação de pasto para os animais e, entre outros, o acompanhamento continuo da campanha agrícola e difusão de informações.

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Autoria:Chissana Magalhaes,14 jul 2017 15:07

Editado porLourdes Fortes  em  15 jul 2017 11:57

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