O Presidente de Cabo Verde realçou que Helena Lopes da Silva foi “uma lutadora por causas importantes, como a independência de Cabo Verde, a democratização do país, mas também por causas políticas e sociais em Portugal.
Na homenagem, Jorge Carlos Fonseca referiu-se a Helena Lopes da Silva como “Nena” e, de forma emocionada, justificou a sua presença como uma forma de transmitir a gratidão dos cabo-verdianos.
“Na qualidade de Presidente da República de Cabo Verde, fiz questão de estar presente nesta última homenagem para, em nome dos cabo-verdianos, transmitirmos os nossos sentimentos de gratidão, de reconhecimento, por uma profissional, uma mulher, uma cidadã, de todas as lutas, de todas as latitudes e cujo nome estará inscrito em muitas vitórias que conseguimos, inclusivamente na fraternidade existente entre portugueses e cabo-verdianos”, acrescentou aos jornalistas, à margem da cerimónia.
“Helena Lopes da Silva viveu com a coragem de se fazer contra os ventos. Contra o vento do império colonial, contra o vento da discriminação da mulher, contra o vento da universidade classista. Viveu e venceu”, salientou, por seu lado, o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma homenagem póstuma a Helena Lopes da Silva, no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
“Ao partir, muitos dos que aqui e lá longe a acompanham neste instante devem-lhe essa coragem, essa luta, essa vitória”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o chefe de Estado português, a participação de Helena Lopes da Silva, que foi médica cirurgiã, em causas, movimentos e partidos, “a que nunca negou o seu inesgotável empenho”, foram sempre resultantes do “imperativo de consciência de não calar” com que a ativista viveu.
Marcelo destacou ainda que através da sua profissão e das suas intervenções políticas, Helena Lopes da Silva “ajudou muitos portugueses e muitos cabo-verdianos”, considerando que será sempre um exemplo de luta por valores sociais.
Nascida em Cabo Verde, Helena Lopes da Silva tirou o curso de Medicina e exerceu a sua actividade profissional como cirurgiã e docente universitária em Portugal. Foi militante de esquerda pela libertação das ex-colónias portuguesas, membro da LCI, que deu origem ao PSR, cuja lista às eleições europeias encabeçou em 1994, e fez parte dos movimentos pelo ‘Sim’ à despenalização do aborto nos referendos.
Helena Lopes da Silva, que morreu aos 69 anos, manteve ainda um contacto intenso com Cabo Verde, onde fazia parte do Conselho de Estado.