Jorge Carlos Fonseca falava durante a sessão inaugural do XIII Congresso Mundial dos Farmacêuticos de Língua Portuguesa que decorre na cidade da Praia, em Cabo Verde.
Para o chefe de Estado, entre os temas de grande actualidade que merecem a atenção dos profissionais de saúde, a resistência antimicrobiana é um assunto “que vem preocupando de forma muito particular os profissionais de saúde, os decisores políticos e os cidadãos”.
“Estou certo de que serão propostos caminhos no sentido de se concretizar as propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para se fazer face à resistência antimicrobiana, especialmente no que se refere à racionalidade dos sistemas de saúde, nomeadamente no que toca ao acesso aos medicamentos essenciais, ao reforço da vigilância laboratorial, à prevenção e controlo de infecções, bem como à utilização adequada dos medicamentos na pecuária”, disse.
O Presidente da República, que realizou neste evento a sua primeira intervenção formal após ter assumido a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), recordou que em grande parte desses países “parcelas significativas de populações não têm acesso a medicamentos essenciais e outras actividades relacionadas com os cuidados básicos de saúde”.
Geralmente, prosseguiu, “essa realidade é um indicador das condições de saúde que prevalecem, o que, a par de outras limitações, pode configurar um quadro de exclusão social”.
“Infelizmente, esta situação conduz a práticas muito nocivas, como a automedicação e o comércio ilegal e perigoso de medicamentos”, lamentou.
Para o chefe de Estado, esta realidade “apenas pode ser alterada definitivamente no âmbito de mudanças essenciais de todo o sistema ou mesmo de políticas sociais mais abrangentes”.
Igualmente presente nesta sessão inaugural, o ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, referiu os avanços da integração dos farmacêuticos no sistema de saúde e deixou um aviso: “É preciso abandonar as culturas corporativas exacerbadas”.
“Cabo Verde é um país de rendimento médio baixo, mas está no conjunto dos países com melhores sistemas de saúde”, indicadores que em parte se devem aos farmacêuticos, disse.
A presidente da Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa e bastonária da Ordem dos Farmacêuticos cabo-verdianos, Maria da Luz Leite, sublinhou a importância destes profissionais, essenciais para evitar as “consequências gravíssimas” da automedicação, os efeitos adversos e o desperdício.
Maria da Luz Leite defendeu “um maior investimento do Estado no reforço das competências dos farmacêuticos”.
O congresso, que decorre até sexta-feira, reúne dezenas de farmacêuticos dos países de língua portuguesa e tem como tema “O farmacêutico nos sistemas de saúde”.