Vito Ramos falava a imprensa à margem da conferência “O nosso oceano para o crescimento e bem estar”, que acontece hoje e amanhã, no Centro Oceanográfico do Mindelo, numa organização da União Europeia em parceria com o governo de Cabo Verde, no âmbito da Ocean Week.
"Estamos incluídos naquelas zonas que poderão vir a sofrer efeitos drásticos das mudanças climáticas mas temos questões que, pelo modo de vida dos cabo-verdianos, vão contra as boas práticas. Estamos a falar da apanha de areia nas praias, da erosão. São questões que desgastam a costa”, afirma.
À margem deste evento, será assinado amanhã, entre o comissário da União Europeia para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, e o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, um Documento Quadro para a Cooperação e Investigação Marinha.
O documento "reconhece e estimula a investigação marinha e oceânica no contexto da cooperação com o Atlântico Sul".
Vito Ramos destaca a importância destas parcerias na área da investigação para um país com poucos recursos, como é o caso de Cabo Verde.
“Estamos a falar da oceanografia, de investigar no mar que não é o mesmo que investigar em terra. Colocar um pequeno barco no mar custa dinheiro, custa muito dinheiro. São questões que nenhum país, nem estou a falar de Cabo Verde, pode fazer fazer esta investigação sozinha, tem que procurar cooperação. Só se pode entender um pouco esta zona tropical se há muitas pessoas, países e recursos juntos. Em Cabo Verde, não podemos fazer nada, em termos de investigação, principalmente no mar, se não tivermos essas cooperações”, refere.
O coordenador científico do centro oceanográfico do Mindelo sublinha, entretanto, que a participação de Cabo Verde nos programas globais de investigação marinha deve promover também a dinamização de projectos locais de investigação.