Um milhão de espécies em risco de extinção

PorExpresso das Ilhas,11 mai 2019 9:12

O Homem é o grande culpado pelo risco de extinção de mais de um milhão de espécies de animais a nível mundial. Os números de um estudo elaborado pela ONU são, no mínimo, assustadores 82% de animais selvagens, 47% de ecossistemas e 25% das espécies podem extinguir-se.

O maior estudo jamais realizado sobre o estado de saúde do planeta tem conclusões preocupantes e a sobrevivência da espécie humana pode mesmo estar em risco.

As conclusões do Global Assessment Report das Nações Unidas apontam mesmo para o perigo da continuação da sociedade humana devido ao declínio acelerado dos sistemas naturais de suporte de vida na Terra. Segundo o relatório, feito por alguns dos mais importantes cientistas do mundo, a natureza está a ser destruída a uma velocidade que é centenas de vezes maior à média dos últimos 10 milhões de anos.

No estudo, cuja realização envolveu mais de 450 cientistas e diplomatas, é demonstrado que a biomassa de mamíferos selvagens caiu em 82%, os ecossistemas naturais perderam metade da sua área (47%) e um milhão de espécies estão em risco de extinção (25%).

Mas os números não se ficam por aqui. Duas em cada cinco espécies de anfíbios estão em risco de desaparecer, um terço dos corais formados em recife também. Há animais marinhos a diminuírem para um terço e estima-se que 10% dos insectos, fundamentais para a polonização das plantas, possam estar também sob o risco de extinção.

Por trás de toda esta destruição estão, aponta o estudo, as acções do Homem que é, igualmente, o maior prejudicado.

“A saúde dos ecossistemas dos quais nós e outras espécies dependemos está a deteriorar-se mais rapidamente do que nunca. Estamos a destruir os próprios fundamentos das economias, meios de subsistência, segurança alimentar, saúde e qualidade de vida, em todo o mundo ”, disse Robert Watson, presidente da Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (Ibpes), ressalvando que não se pode perder mais tempo e que “temos de agir agora.”

A pegada ecológica do ser humano é enorme. Três quartos de todas as terras do planeta foram transformadas em campos agrícolas, cobertos por cimento, transformados em reservatórios de barragens ou alterados de outra forma. Mais: dois terços do mundo marinho são agora zonas de criação de peixe, rotas de navegação, minas submarinas, entre outras coisas. Com tudo isto, a sobrevivência de mais de 500 mil espécies está em risco, uma vez que não há zona suficiente para o seu habitat. No espaço de décadas, sugere o relatório, muitos animais podem vir a desaparecer.

O impacto no Planeta tem vindo a crescer, bem como a disseminação de zonas afectadas pelos humanos. “Estamos a deslocar o nosso impacto ao redor do planeta, de fronteira para fronteira”, disse, citado pelo Observador, Eduardo Brondizio, co-presidente do Ibpes, da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina. “Mas estamos a ficar sem fronteiras … Se continuarmos os negócios normalmente, vamos assistir a um declínio muito rápido na capacidade da natureza de fornecer o que precisamos e proteger as mudanças climáticas”.

Nos oceanos há a destacar que só 3% das áreas marinhas é que não têm interferência humana, sendo que a pesca se realiza em mais de metade dos oceanos do planeta, o que faz com que um terço das populações dos peixes estejam a ser excessivamente exploradas.

Desde 1980 que o ser humano extrai 60 mil milhões de toneladas de recursos, todos os anos, o que significa que o valor vai já no dobro e o planeta não tem capacidade para aguentar. Segundo o relatório, mais de 80% das águas residuais são despejadas em lagos e oceanos, sem tratamento, em conjunto com cerca de 300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, lama tóxica e outro tipo de descargas industriais. Relativamente ao plástico, os resíduos deste material aumentaram dez vezes nos últimos 40 anos, o que cria um impacto brutal no mundo dos animais marinhos: afecta 86% das tartarugas marinhas, 44% das aves marinhas e 43% dos mamíferos marinhos. O resultado do escoamento de fertilizantes também é assustador: existem neste momento 400 zonas mortas, numa área que corresponde ao tamanho do Reino Unido.

Os números da destruição

Até ao momento, 75% do ambiente terrestre e 66% do ambiente marinho já foi “gravemente alterado” pela acção humana;

Existem actualmente cerca de 8 milhões de espécies animais e vegetais na Terra, incluindo 5,5 milhões de espécies de insectos;

290 milhões de hectares de floresta nativa desapareceram entre 1990 e 2015 devido a limpezas e a recolhas de madeira;

Desde 1992, as áreas urbanas em todo o mundo cresceram mais de 100%, ou seja, mais do que duplicaram;

300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, lixo tóxico e outros resíduos são despejados todos os anos nas massas de água.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 910 de 08 de Maio de 2019.

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Autoria:Expresso das Ilhas,11 mai 2019 9:12

Editado porChissana Magalhães  em  12 mai 2019 9:59

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