Com a adesão a nível nacional na ordem dos 98 por cento, segundo o presidente das Associação dos Agentes de Segurança Prisional (AASP-CV), esta greve tem por finalidade reivindicar “um estatuto digno para a classe” e “a indisponibilidade do Ministério da Justiça na alteração das leis” que passa pelo alargamento das carreiras e uma nova grelha salarial, a partir dos 65.000 escudos.
Bernardino Semedo disse que os serviços mínimos acordados a nível nacional asseguram, sobretudo saúde e alimentação, com sete dos 89 agentes na Cadeia da Praia para uma população prisional de aproximadamente 1.100 reclusos, três agentes na ilha do Sal e outros tantos no Fogo e cinco na cadeia da Ribeirinha na ilha de São Vicente, com o argumento de que “houve negociação no sentido de evitar a requisição civil”.
Semedo descarta toda e qualquer possibilidade de associar a greve dos agentes prisionais aos partidos políticos, alegando inclusive que a maioria dos problemas que afecta os carcereiros vem da governação anterior, mas deixa claro que os agentes se sentem discriminados e desgastados com questões como a falta de fardamentos para trabalhos e baixo tecto salarial.
Afirmou que na Cadeia Central da Praia há neste momento uma adesão de 95 por cento, mas que “torna-se possível garantir a segurança dos reclusos com os serviços mínimo, nos termos da lei em vigor”, sublinhando, entretanto, que “nos últimos tempos a Cadeia Civil está sempre em insegurança”.
“Na verdade, não desejamos greve. Queremos trabalhar, de forma condigna”, sentencia Semedo, para anunciar que após os três dias de greve nacional, os agentes dão um ultimato ao Ministério da Justiça até 1º de Novembro para uma nova ronda de negociação, sob pena de convocarem uma nova greve, desta feita, de 24 de Dezembro a 01 de Janeiro próximo.
Esta greve está a ser apoiada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviço (STCS) que pretende manté-la até ao dia 21, em sinal de descontentamento “pela falta de respeito e de diálogo por parte do Ministério da Justiça, Direcção Geral dos Serviços Penitenciários e Direcção da Cadeia Civil”.
João Mette realçou que a organização sindical que representa tem “vindo a batalhar com a ministra para vários encontros”, mas que o Governo “não tem estado aberto” para resolver as questões de modo que os direitos dos agentes prisionais, como a alteração dos estatutos, o que, a seu ver, tem revoltado os agentes prisionais.
Explicou que a reunião da negociação foi marcada por falta de entendimento entre as partes, porque “era mera intenção do Governo enrolar” os pactos.
Já a Direcção da Cadeia Civil da Praia manifestou-se indisponível para qualquer reacção.