Armadores, peixeiras e pescadores querem mais condições para o armazenamento do pescado

PorInforpress,5 fev 2020 6:34

Os armadores, peixeiras e pescadores de Santiago apelaram ao Governo a criar condições para o armazenamento do pescado e apostar fortemente no sector que sustenta muitas famílias cabo-verdianas e é crucial para o desenvolvimento do país.

O repto foi lançado pela vice-presidente da Associação dos Armadores de Santiago (AAST), Maria Semedo, que falava à Inforpress, a propósito do Dia Nacional do Pescador, que se celebra hoje, 05 de Fevereiro, tendo afirmado que os operadores estão numa situação “preocupante” e que o Governo deve dar uma melhor atenção.

“A maior preocupação dos armadores de Santiago é porque o Governo fez a privatização sem contactar os armadores para ouvir a nossa preocupação, mesmo sabendo que a pesca este ano desceu muito, estamos numa situação de confronto, sobretudo com a subida do preço do gelo”, disse a responsável que considerou que o processo de privatização do complexo de pesca da cidade da Praia foi mal feito.

Maria Semedo disse que não são contra a “privatização” e que estão cientes de que o sector privado acarreta custos, mas defendem que para tal e preciso criar condições para que possam exercer as suas funções e ganhar o seu sustento.

Segundo adiantou, com a nova gerência assegurada pela empresa Cabo Verde Ocean, os custos aumentaram, os lucros tendem a diminuir e, para completar, o Governo deixou de assumir os 2.500 escudos por cada tonelada de gelo que custava 15 mil escudos e passou para 16 mil escudos.

Maria Semedo explicou, que actualmente, pagavam 20 escudos para entrar no Porto, 1.050 escudos para descarga de cada embarcação, por exemplo um barco de 10 toneladas paga 10 mil escudos, 20 toneladas 20 mil escudos e 32 toneladas 32 mil escudos, ou seja um escudo por cada quilo, quer o peixe venda ou não já que não há capacidade nem estrutura de conserva.

A vice-presidente da AAST afirmou que os armadores, pescadores e peixeiras estão confrontados com as despesas, uma vez que a pesca já não é como era antes e a situação tende a ficar muito difícil.

“Hoje temos mais máquinas, mais gelo o que era sempre o nosso desejo, mas precisamos de espaço de armazenamento”, constatou avançando que neste momento não tem capacidade de conserva caso todas as embarcações cheguem no mesmo dia.

Maria Semedo avançou que a administração da nova empresa já os comunicou que já compraram maquinas de gelo e que estão a caminho, mas sublinhou que não adianta ter equipamentos se não houver estrutura suficiente para armazenar o peixe.

“O acordo com a União Europeia tem-nos afectado sim, daquilo que entendo depois de entrar para a área das pescas sei que as espécies de peixes migratórias quando são atacadas à entrada não voltam para as águas da costa. Antigamente, quando íamos para o sul da ilha do Maio das 04:00 até as 11:00 já tínhamos pescado cerca de 200 a 300 atuns, conforme fosse a sorte, mas hoje ficamos no mar uma semana e voltamos com 30 a 40 atuns”, apontou.

No seu entender, o pescado está a diminuir e as despesas a aumentar, por exemplo quando uma embarcação vai para o mar durante uma semana, tem de levar três toneladas de gasóleo que custa 216 mil escudos, três toneladas de gelo 48 mil escudos, 35 mil escudos de alimentação, 10 mil de garrafa gaz de mergulho e oito mil escudos em óleo e, às vezes, volta sem nada.

“Governo tem de olhar para os armadores e para o sector das pescas que ajuda o país, apelo ao Governo no sentido de nos ajudar e a apostar no sector sobretudo em Santiago porque a despesa está a aumentar e não temos tido lucro”, constatou.

Maria Semedo revelou que neste momento precisam de arrastadores de embarcação que só existe em São Vicente e de espaço para conserto de redes que antes faziam na Praia da Gamboa e hoje não têm espaço.

Por outro lado, desafiou o Governo a apostar fortemente neste sector que, segundo a mesma, é muito importante para o desenvolvimento do país e sustenta muitas famílias cabo-verdianas.

Actualmente, Maria Semedo tem quatro embarcações e emprega cerca de 100 pessoas directamente.

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Autoria:Inforpress,5 fev 2020 6:34

Editado porSara Almeida  em  5 fev 2020 12:10

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