“Temos a consciência de que estamos num município essencialmente agrícola, depois de três anos de seca e com a água a diminuir a cada dia que passa, com os hábitos antigos de não gerir bem a água e isso tudo dificultou”, considera António Aleixo Martins que aponta, igualmente, a pandemia da covid-19, que nestes últimos dois meses foi uma dificuldade acrescida e inesperada.
Apesar disso, António Aleixo mantém a avaliação que faz do Paul desde a última festa do Município, por considerar que, apesar de estar tudo parado por causa da covid-19, “sempre houve alguma actividade ligada à agricultura e as pessoas nunca estiveram totalmente desempregadas” enquanto noutros sectores como a restauração e o turismo, de uma forma geral, continuem completamente inactivos.
“Para nós, o balanço é positivo naquilo que nós propusemos para este ano”, afirma António Aleixo, citando casos de obras concluídas e outras que tiveram o seu arranque ou estão em execução, que demonstram aquilo que queria para o município durante esse período de tempo mas reconhece que “não é fácil combater a seca ou mesmo a pandemia que nesta recta final veio ‘baralhar’ um pouco as coisas”.
Além disso, chama a atenção para a realidade de “um município que tem pouca gente e, por isso, não é fácil ter muitas receitas”.
O edil paulense destaca alguns sectores onde conseguiu “dar uma grande resposta”, nomeadamente, na habitação social, nas infra-estruturas com destaque para a recuperação da estância turística de Passagem, no desencravamento de Chã d’Erva com a construção da estrada para a localidade, na iluminação pública e na água domiciliária em Pico da Cruz.
“Tudo isso nos dá satisfação e se não conseguimos mais foi porque a realidade do município não permitia mais”, disse António Aleixo, admitindo que não conseguiu “fazer tudo” nem agradar a “toda a gente”, mas assume que termina este período com a sensação do “dever cumprido”.
A mobilização de recursos cada vez maiores e o desemprego jovem que grassa no município são alguns dos principais problemas apontados por António Aleixo Martins, que ressalta, no entanto, a existência de alguma escassez de mão-de-obra nos sectores da agricultura e da construção civil.
É que, segundo António Aleixo, há um número elevado de jovens com certo nível de formação e que “legitimamente” almeja outro tipo de emprego.
O Paul, que hoje festeja o seu dia de Município condicionado pela pandemia da covid-19, é um concelho que se situa no extremo nordeste da ilha de Santo Antão, tem 54,26 quilómetros quadrados (km²) de superfície e uma população de 5.647 habitantes, em 2018, menos 142 que no ano anterior.
Dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que 57,9 por cento (%) da sua população são indivíduos de sexo masculino e 42,1 % de sexo feminino, com idade média de 33,6 anos.
Segundo a mesma fonte, a população do Paul representa 14,6% do total da ilha de Santo Antão e está reunida em 1.816 agregados familiares.
A taxa de ocupação da população activa é de 46,0% e a taxa de desemprego de 6,8%, com o desemprego jovem (15-24 anos) na casa dos 24,5%.
O Paul tem uma taxa de alfabetização de 74,8% na faixa etária superior a 15 anos mas a taxa sobe para 95,5% na faixa etária dos 15-24 anos.
Ainda citando uma brochura divulgada pelo INE no dia da festa do município do Paul de 2019, o quesito das condições de vida indica que 87,8% da população tem acesso à electricidade, 74,3% tem casa de banho, 78,2% tem acesso à água da rede pública, 73,9% usa contentores, 65,0% usa gaz butano e 29,0% usa lenha para cozinhar.