Como escreveram alguns jornais da época, o exíguo Estádio, em terra batida, mostrou-se pequeno para acolher os milhares de cabo-verdianos que quiseram testemunhar este momento único na história do país.
Osvaldo Lopes da Silva, primeiro ministro da Economia do primeiro Governo, contou à Inforpress que, inicialmente, muitos nacionalistas cabo-verdianos viam na independência uma aspiração, um sonho, “mas tinham algum receio”.
“Mesmo aqueles que, ontem, eram contra a independência de Cabo Verde, hoje são a favor”, comentou Lopes da Silva, para quem os homens e mulheres da sua geração fizeram o seu trabalho na primeira República, “transformando este território, reconhecidamente pobre, em país viável”.
A 5 de Julho de 1975, o país experimentou algumas dificuldades, nomeadamente para o acolhimento dos convidados estrangeiros. A Cidade da Praia contava com apenas duas pensões. Diante desta situação, os militantes tiveram que ceder as suas casas.
Entretanto, para a proclamação de Cabo Verde como país independente, era necessário que os primeiros deputados, eleitos a 30 de Junho de 1975, se reunissem em sessão plenária para constituírem a primeira Assembleia Nacional Popular (ANP, o que aconteceu a 04 de Julho de 1975, no salão da Câmara Municipal da Praia.
A acta da primeira sessão legislativa da primeira legislatura, a que a Inforpress teve acesso, os 56 deputados eleitos por todos os círculos eleitorais do país reuniram-se pelas 16:30 no salão da Câmara Municipal da Praia.
Na altura, Isaura Gomes, era a única mulher eleita no rol dos 56 deputados da Nação.
Nas listas únicas constavam nomes de dois sacerdotes, o padre António Fidalgo, eleito pelo círculo eleitoral de S. Lourenço (Fogo) e o padre Paulino Mateus de Andrade Pina, primeiro suplente da lista do círculo eleitoral de Nossa Senhora de Ajuda (Fogo).
Após a instalação da mesa definitiva, Abílio Duarte declarara aberta a primeira sessão da ANP, seguida do juramento colectivo dos deputados.
Nessa mesma sessão, além do texto da proclamação da República de Cabo Verde, foi ainda aprovado, por unanimidade, a Lei da Organização Política do Estado (LOPE), que deveria vigorar até que fosse aprovada a Constituição da República, o que aconteceu em 1980, constituindo um marco na ordem jurídica cabo-verdiana.
Ainda nesta sessão legislativa que Aristides Pereira foi eleito primeiro Presidente da República de Cabo Verde e Pedro Pires Primeiro-Ministro.