S&P piora perspectiva de evolução da economia de Cabo Verde

PorExpresso das Ilhas, Lusa,29 ago 2020 11:31

"Súbita paragem no turismo e nas viagens internacionais faz prever que o défice da balança corrente e o défice orçamental ultrapassem os dois dígitos este ano"
"Súbita paragem no turismo e nas viagens internacionais faz prever que o défice da balança corrente e o défice orçamental ultrapassem os dois dígitos este ano"

A agência de notação financeira Standard & Poor's anunciou, esta sexta, que piorou a perspectiva de evolução da economia de Cabo Verde para negativa, mantendo o 'rating' do país em B ('lixo'), abaixo do nível de recomendação de investimento.

“Apesar de as relações com os doadores continuarem muito fortes, as consequências económicas da pandemia da covid-19 vão causar perturbações macroeconómicas significativas na economia de Cabo Verde, que é muito dependente do turismo”, lê-se na nota divulgada na noite de sexta.

“Por isso, estamos a rever a perspetiva de evolução da economia [‘outlook’] de estável para negativa”, anuncia-se no texto, que assim confirma que o ‘rating’ de Cabo Verde deverá ser revisto em baixa nos próximos 12 a 18 meses.

Ainda assim, os analistas da S&P decidiram manter, por agora, a opinião sobre a qualidade do crédito soberano de Cabo Verde em B, abaixo do nível de recomendação de investimento, ou ‘lixo’, como é geralmente conhecido.

“O ‘outlook’ negativo reflete a possibilidade de, nos próximos 12 meses, a pandemia da covid-19 poder pressionar significativamente os grandes desequilíbrios orçamental e externo, para além do nosso cenário base”, dizem os analistas.

Na justificação da decisão, a S&P escreve que “a súbita paragem no turismo e nas viagens internacionais faz prever que o défice da balança corrente e o défice orçamental ultrapassem os dois dígitos este ano, e que o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] sofra uma contração de 8,5%, uma das maiores quedas da história da independência de Cabo Verde”.

Justificando a manutenção do ‘rating’ e a degradação, ao mesmo tempo, da perspetiva de evolução da economia, a S&P argumenta que “apesar das expectativas sombrias para 2020, a manutenção do ‘rating’ é sustentada no cenário base, que assume uma recuperação sustentada em 2021″, ao passo que “a revisão do ‘outlook’ para negativa reflete os riscos negativos sobre esta previsão”.

Em particular, acrescentam, está a ideia de que uma recuperação acima da média, no seguimento de um regresso do turismo internacional, “não está garantida, o que coloca em causa” o cenário central da agência de “uma dívida pública líquida a atingir o pico de 125% do PIB este ano e uma recuperação gradual daí em diante”.

Relativamente ao cenário macroeconómico, a S&P estima, depois de uma recessão de 8,5% este ano, um crescimento de 6,2% em 2021 e uma dívida pública a descer de 138% do PIB este ano para 137% em 2021.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,29 ago 2020 11:31

Editado porJorge Montezinho  em  11 jun 2021 23:21

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