De acordo com uma consulta feita hoje pela Lusa, a Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) mantém a oferta de voos apenas até domingo, 16 de Maio, e todas as ligações e datas posteriores permanecem indisponíveis, tal como há várias semanas, inviabilizando a compra de bilhetes através da página da empresa ou pelas agências de viagens.
A Lusa contactou a direção da TICV, mas não obteve qualquer explicação para este cenário, que se sucede à indisponibilidade de bilhetes em Março para voos em Abril, e depois em Maio (neste caso apenas até 16 de Maio).
Contudo, a situação nunca envolveu um prazo tão curto, o que segundo fontes do sector contactadas pela Lusa arrisca inviabilizar os voos já de segunda-feira, por não haver bilhetes à venda.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
No final de Abril, quando já era conhecida a indisponibilidade de bilhetes à venda para Maio, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu a situação difícil por que passa a companhia, mas garantiu que o Governo não iria deixar “em nenhuma circunstância” que Cabo Verde tenha problemas com voos internos.
“Os voos domésticos são fundamentais para unificação do mercado nacional e para circulação e mobilidade das pessoas, portanto, a companhia tem que assegurar os voos”, disse o primeiro-ministro.
Em comunicado divulgado em 27 de Abril, a Associação das Agências de Viagens e Turismo (AAVT) de Cabo Verde mostrou-se preocupada pela indisponibilidade de voos domésticos a partir de 16 de Maio e pediu a intervenção do Governo.
“A AAVT vem através desta manifestar publicamente a enorme preocupação entre os nossos associados face à notícia de que os voos interilhas só estão garantidos até ao próximo dia 16 de Maio”, alertou a associação, após vários diálogos com a única companhia aérea responsável pelos voos domésticos e o Governo.
A agremiação empresarial disse na altura tratar-se de uma “situação grave” e que coloca em causa não só a estabilidade e capacidade de planeamento das agências de viagens e turismo nacionais, como o planeamento dos próprios operadores internacionais.
“Sobretudo, no que tange aos passageiros emigrantes e turistas que queiram visitar diferentes pontos do país e que, por causa dessa indefinição na programação dos voos interilhas, certamente, ver-se-ão na inevitabilidade de adiar as suas viagens a Cabo Verde”, lamentou.
Na nota assinada pelo presidente, Mário Sanches, a AAVT considerou que esta indefinição acontece numa altura em que o país precisa de voos e de passageiros a circularem para e pelas ilhas “como de pão para a boca”.