Agostinho Semedo falava à imprensa no âmbito de um encontro promovido pela ASIFC-PJ, para assinalar o décimo segundo aniversário da criação da associação.
"Com o clima de decepção e desmotivação que a classe vive, entendemos que a Polícia Judiciária precisa de uma reforma profunda e urgente do ponto de vista estrutural, de gestão, funcional e de relação interpessoal", apontou.
O responsável sindical manifestou-se preocupado com a situação em que vive a classe e realçou que os "sinais de fragmentação" têm vindo dos gestores que "não reúnem mais condições para estar à frente da instituição".
O presidente da ASFIC-PJ alertou para a necessidade de uma “mudança urgente”, de forma a preservar o "bom rumo da PJ", denunciando que "a própria gestão da instituição tem primado por beneficiar um pequeno grupo, provocando com esta atitude discrepâncias a nível da classe".
"Essa preocupação já foi comunicada à ministra, pelo que só esperamos que haja acção, pois, se queremos uma PJ para servir a sociedade, há que haver o sentido de imparcialidade, da autonomia e da seriedade, acima de tudo", defendeu.
Apesar destas manifestações, o presidente da ASIFC.PJ/CV é de opinião que a criação da associação serviu para multiplicar ganhos, particularmente, com a revisão dos estatutos, mas afirmou que os obstáculos ainda são muitos no que se refere à carreira.
Neste momento, segundo disse, o ponto fraco da classe tem a ver com sinais de "fragmentação", que tem vindo " a penalizar a classe".
A par isso, adiantou que a associação tem acompanhado, "com serenidade", a situação que envolve um funcionário da PJ, afirmando acreditar que a justiça exerça a sua função com "transparência, seriedade e sentido de imparcialidade".
Isso porque, justificou, ter tido alguns sinais de "atropelo", particularmente, com o que aconteceu no último caso com a detenção de um inspector da PJ, na Cidade da Praia.
"Essa apreensão foi um belo atropelo jurídico, pois, o próprio Ministério Público, na pessoa do procurador que emitiu o mandato fora de flagrante e a instituição que através dos funcionários executaram o mandato, revelaram desconhecimento do estatuto da classe que no seu estatuto 6º faz referência sobre a imunidade", disse, reiterando que o atropelo cometido pelo Ministério Público pôs em causa a liberdade de um funcionário.
A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ), que conta com mais de 80% dos funcionários associados, é um sindicato dotado de personalidade jurídica e capacidade legal para o cumprimento dos seus fins, visando exclusivamente a promoção e a defesa dos interesses económicos, sociais, profissionais e culturais dos associados.