Em 2016, Fábio Fernandes deu início à construção de um barco de pesca, no interior da ilha de Santiago (Santa Cruz). A iniciativa despertou o interesse do empreendedor para o sector e em 2019 decidiu criar uma empresa de venda de materiais para construção de barcos de pescas designada “3F Investimento & Comércio Náutica, LDA”.
“Quando estava a construir o barco, o único lugar onde encontrei material de fibra para a construção foi na ilha de São Vicente, o que, de certa forma, dificultou a construção, devido ao processo logístico exigido. Como vivo há muito tempo na Suíça, e conhecendo o negócio, resolvi adquirir os materiais em Portugal e imediatamente vi uma oportunidade de criar uma empresa virada para o sector da pesca na ilha de Santiago”, realçou.
Em entrevista ao Expresso das Ilhas, o empresário, que actualmente tem 31 anos de idade, explicou ainda os motivos pelos quais resolveu empreender em Cabo Verde.
Um dos motivos é o facto de Cabo Verde ser um país de oportunidades, sendo que, por causa disso, tem chamado atenção dos investidores estrangeiros. Porém, ainda há muitos investimentos a serem feitos no país, considera.
Outro motivo está ligado ao anseio de voltar a viver em Cabo Verde e ser dono do próprio negócio, e, levando em conta a experiência obtida no exterior, contribuir para o desenvolvimento do país.
Quanto às dificuldades encontradas para investir em Cabo Verde, Fábio Fernandes enumera: a dificuldade financeira (que o levou a fazer um empréstimo na Suíça), a burocracia do país, os problemas administrativos, preconceito contra os nacionais e “falta de consideração para com jovens empresários”.
“A primeira dificuldade que tive foi a nível financeiro. Em Cabo Verde, os juros do empréstimo para abrir o próprio negócio são muito elevados; a burocracia do país é um exagero, e também senti um certo racismo e falta de consideração para com os jovens empreendedores, porque tenho a certeza de que se fosse um branco europeu, partiriam do princípio que tenho dinheiro e teria mais oportunidades de investir. Levam em consideração a aparência, o que, na verdade, não permite ver o que a pessoa quer fazer e como quer fazer”, explicitou.
Grato por conseguir superar as dificuldades e estar a ver o progresso da empresa, Fábio Fernandes considera que o governo de Cabo Verde deveria dar mais oportunidades às pequenas empresas, encarando-as como sendo o “pulmão” da economia cabo-verdiana, que tem ajudo a empregar mais jovens.
“O barco de pesca que construi emprega três pescadores, e há mais pessoas que estão a ser beneficiadas, tais como: as pessoas que cuidam do barco, que vendem peixe, pessoas que vão comprar o gelo, gasolina, entre outros. A empresa, por enquanto, tem três funcionários, mas tem a possibilidade de empregar mais“, exemplificou.
Fábio Fernandes exorta ao governo de Cabo Verde a motivar os jovens cabo-verdianos que vivem no estrangeiro a investir no país, dando sobretudo apoio administrativo e financeiro.
E quanto os jovens que pretendem investir em Cabo Verde, o empresário destaca que não devem voltar ao país somente para passar férias e fazer festas. Tem que investir e dar os passos efectivos para implementar o negócio.
Estudar, procurar informações pertinentes relacionadas com o negócio em que pretende investir, levando em consideração a taxa de juro de empréstimos, fiscalização, e sobretudo estar consciente de que antes de ganhar dinheiro tem de tirar boa parte de para investir, são outros conselhos que Fábio Fernandes deixa aos jovens empreendedores.