A especialista, que segue muitas doentes cabo-verdianas evacuadas para tratamento em Portugal, no Hospital de Santa Maria, deu essa garantia na noite desta sexta-feira, 11, durante a apresentação do seu livro “O que faço? Tenho cancro da mama”, que aconteceu no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) em Lisboa.
“O que nós sabemos hoje é que um tumor descoberto em fase inicial, isto é, descoberto em exame de rotina, tem 90% de probabilidades de cura (…). O cancro da mama pode ser uma intercorrência na nossa vida se for descoberto na fase inicial. Daí, a grande influência de nunca pararmos de falar de rastreio, porque se for o exame a descobrir, sabemos logo que esses 90% têm probabilidade de cura. Infelizmente, nem todos são assim”, lamentou.
Emília Vieira assegurou que muitas mulheres poderão ter outro tipo de vida e ter hipótese de cura, apesar de ser uma doença que obriga a uma vigilância durante os próximos 10 anos, porque tem as suas fases em que poderá reaparecer, ou seja, “é uma doença grave, mas tratável”.
“O impacto emocional da descoberta dessa doença, num órgão que tanto tem a ver com a nossa identidade como mulher, é enorme. Por isso, qualquer patologia mamária, quer seja benigna ou maligna se torna emergente, com necessidade de uma consulta a muito curto prazo”, frisou.
Por outro lado, sublinhou que, sendo o tumor da mama o mais frequente na mulher e no mundo, ele não é o que mais mata, já que o cancro de pulmão aparece em primeiro lugar, principalmente por causa do tabaco.
“O cancro da mama não há idade, atinge jovem como não jovem, ultimamente cada vez mais jovem do que quando comecei a trabalhar nesta área, em 1992. Actualmente, está a ser cada vez mais na idade pré-menopausa”, alertou, explicando que o livro é consequência de mais de 20 anos de perguntas que foi acumulando e que achou importante responder.
A apresentação do livro de Emília Vieira, médica desde 1980 e que já realizou mais de 3.500 cirurgias, cerca de 2.000 em patologia mamária, contou com a actuação do coro da Associação Amigas do Peito, projecto que a médica preside, dedicado ao cancro da mama desde 1996, tendo assistido já centenas de mulheres, visto que todas elas, após a cirurgia, sentiram necessidade de procurar informações da mais variada ordem.
A apresentação do livro aconteceu no âmbito da programação de “Março, mês da mulher”, que o CCCV e a Embaixada de Cabo Verde em Lisboa organizam anualmente, como forma de assinalar o dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, e o dia 27 de Março, Dia da Mulher Cabo-verdiana.