“No ano 2021, a situação em termos de tuberculose em Cabo Verde manteve-se, pois, nos anos anteriores tínhamos recebido notificações à volta de duzentos, duzentos e tal casos, mas este ano, pelo menos com os dados provisórios existentes, temos a confirmação de 192 casos”, afirmou, explicando que 175 são casos novos e que 17 foram considerados como casos de retratamento.
Jorge Noel Barreto, que fazia o ponto de situação da doença à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial da Tuberculose, que se assinala hoje, 24, indicou que Santiago, São Vicente, Sal e Fogo são as ilhas com maior número de incidência a nível do País.
“Só na Praia, em 2021, foram confirmados 70 casos e em São Vicente 52”, indicou, ressaltando que esta tendência decrescente de casos se deve às melhorias das condições de vida da população cabo-verdiana.
Além das condições de melhorias de vida, Jorge Noel Barreto apontou ainda as melhorias a nível de seguimento, tratamento e capacidade de diagnóstico como responsáveis, também, para a diminuição de números de casos e melhor qualidade na confirmação dos mesmos.
A tuberculose, explicou o director nacional de Saúde, é uma doença que está relacionada com aglomeração de pessoas, pelo que com algumas medidas e orientações do médico tem havido algum alívio, uma vez que o tratamento é de disponibilização gratuita.
“A rotina, neste tipo de doença infecciosa, é que o doente tome o medicamento regularmente para que possa curar”, acrescentou, recomendando as famílias com doente com tuberculose que estejam sempre atentas para que caso o paciente esteja com tosse e febre, por mais de duas semanas, procurarem um médico para um rastreio à doença.
Por este motivo, alerta a todos que a doença existe e que os sintomas não devem ser desvalorizados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no âmbito do Dia, afirmou que o gasto mundial dedicado à luta contra a tuberculose é totalmente insuficiente para relançar a batalha contra a enfermidade após anos de luta suspensa por causa covid-19.
Assim, recordou que os objectivos fixados para 2022 “estão em risco, principalmente por falta de financiamento”.
“É necessário fazer investimentos urgentes para desenvolver e ampliar o acesso aos serviços e instrumentos mais inovadores para prevenir, detectar e tratar a tuberculose, o que poderia salvar milhões de vidas a cada ano, reduzir as desigualdades e evitar enormes perdas económicas”, indicou o director-geral da OMS Thedros Adhanon Ghebreyesus, em comunicado.
A interrupção dos serviços de saúde devido à pandemia de covid-19, segundo a OMS, anulou anos de progresso mundial na luta contra a doença que afecta os pulmões.
De 2018 a 2020, 20 milhões de pessoas receberam tratamento contra a tuberculose, 50% do objectivo de cinco anos estabelecido em 40 milhões de pessoas. Durante o mesmo período, 8,7 milhões de pessoas receberam tratamento preventivo, 29% do objectivo fixado em 30 milhões para 2018/22.
Em 2020, 63% das crianças e adolescentes menores de 15 anos com tuberculose permaneceram fora do radar dos sistemas de saúde ou não foram informados oficialmente sobre o acesso aos serviços de testes e tratamentos. A proporção foi ainda maior – de 72% – para as crianças menores de 5 anos.
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bactéria conhecida, também, como Bacilo de Koch. A doença atinge os alvéolos pulmonares, onde desenvolve uma reação inflamatória, que pode evoluir para a cura, passando até despercebida, se o paciente tem boa resistência física.
Apesar disso é uma doença com tratamento, que tem duração mínima de seis meses, gratuito e disponibilizado pelo serviço nacional de saúde.