Gilberto Silva, que falava na abertura do simpósio sobre sistemas alimentares sustentáveis em Santo Antão, que decorre no Porto Novo, explicou que, à semelhança da maioria dos países em desenvolvimento, Cabo Verde depende da importação de maior parte dos bens alimentares, que são consumidos e ainda dos factores de produção.
Por isso, o aumento dos preços dos bens básicos devido à guerra está a impactar a segurança alimentar e nutricional dos cabo-verdianos, numa altura em que o País está a enfrentar cinco anos de seca sucessivos, que acabaram por “agravar” a “já difícil conjuntura”.
A seca impõe a redução da disponibilidade de água para o consumo e para agricultura e, com isso, a redução da produção agro-alimentar, avançou este governante, lembrando, por outro lado, que estudos demonstram que Cabo Verde é o país da região da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) mais impactado pela covid-19.
“A conjugação de todos estes factores levou a que as famílias cabo-verdianas enfrentem uma diminuição significativa do poder de compra dos alimentos básicos”, notou o ministro da Agricultura e Ambiente, admitindo ainda “uma redução considerável” em termos de “acesso financeiro aos alimentos”, além da escassez.
Por isso, avançou o governante, tem-se constatado em Cabo Verde “um aumento significativo de pessoas que necessitam de ajudas do Estado para resolver os seus problemas”, situação que obrigou o Governo a adoptar “um conjunto de medidas” para aliviar os efeitos da escalada de preços dos bens essenciais.
Gilberto Silva referiu-se ainda a “medidas” que o Governo tem em preparação para “contribuir” para que o país seja mais resiliente à conjuntura internacional, como sendo a aposta na investigação e inovação tecnológica centrada na mobilização de água, na reutilização segura das águas residuais, nas energias renováveis e na massificação dos sistemas de irrigação localizada.
Para o ministro, Cabo Verde precisa acelerar as soluções para fazer face aos impactos e reforçar a resiliência do sector agro-alimentar.
O simpósio sobre “Sistemas Alimentares Sustentáveis em Santo Antão”, com duração de dois dias, arrancou hoje na cidade do Porto Novo, está a debater aspectos como nutrição, consumo e acesso aos alimentos, bem como sistema alimentar local.
Governar e transformar os sistemas alimentares para garantir o direito humano à alimentação adequada e sustentabilidade dos sistemas alimentares: paradigmas, boas práticas e oportunidades são outros temos constantes do programa do simpósio, organizado pela Associação dos Amigos da Natureza (AAN) e o Centro de Estudos Rurais e Agricultura Internacional (CERAI).
O evento realiza-se no âmbito do projecto “Aliança para o Direito Humano à Alimentação Adequada e Iniciativas de Empoderamento de Jovens e Mulheres Rurais”, co-financiado pela União Europeia e pelo Governo e implementado pela AAN, CERAI e pelo Secretariado Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SNSAN), contando com a parceria das câmaras municipais.