A informação foi avançada pela directora geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, Eneida Rodrigues, numa conferência de imprensa sobre os preparativos para a campanha agrícola para o período 2022-2023.
“Com base no inventário da campanha anterior, foram definidas as necessidades e enviados, a cada uma das delegações, os materiais e equipamentos (pulverizadores, equipamentos de proteção individual - EPIs e pesticidas) para esta campanha”, indica.
Segundo Eneida Rodrigues, à semelhança dos anos anteriores, uma estratégia para a implementação da campanha fitossanitária 2022-2023 foi elaborada e partilhada com as Delegações do MAA.
“Acredita-se que este ano haverá eclosões significativas do gafanhoto, nas ilhas de Santiago (Ribeira Grande, São Domingos, Santa Cruz e Santa Catarina), Maio e Boa Vista, tendo em conta a população anormal dessa praga em 2021. Com as chuvas registadas no final do mês passado, as delegações iniciaram as prospecções, tendo-se registado uma pequena eclosão no concelho de Santa Cruz, Ribeira de Monte Negro, que está sendo monitorizada. Espera-se igualmente ataques importantes do percevejo verde em Santiago e no Fogo”, avança.
A directora geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária avisa que para fazer face aos gafanhotos e visando preservar o ambiente, será privilegiado o tratamento com Novacrid, que é um pesticida biológico e que quanto aos focos do percevejo verde sobre as culturas pluviais, serão disponibilizadas aos agricultores, através das delegações, caldas à base do inseticida Fenitrothion EC 50, para intervenções localizadas, sempre que se justificar. “Tratamento generalizado será evitado para não comprometer o controlo biológico da lagarta-do-cartucho do milho com recurso ao parasita Trichogramma pretiosum”.
Em relação à lagarta-do-cartucho alertou que o cenário é de difícil previsibilidade. “Entretanto para fazer face aos focos, uma rede de armadilhas com feromona sexual será activada para detecção precoce dos primeiros aparecimentos, que servirão de orientação para os locais de libertação do parasita de ovo dessa praga, o Trichogramma pretiosum, cujas unidades de multiplicação no Fogo, Santiago e em Santo Antão, estão a cargo do INIDA”.
Além disso avançou que da produção nacional, o INIDA dispõe ainda de cinco quilogramas de ovos de Trichogramma, quantidade suficiente para tratar os cinco mil hectares de terreno infestados. “Paralelamente à libertação do parasita, as delegações poderão apoiar os agricultores na aplicação do Rapax AS, insecticida biológico à base da bactéria Bacillus thuringiensis, que se encontra nos seus respectivos armazéns”.
Para esta campanha agrícola, o MAA realizou, de 30 de Maio a 3 de Junho, uma sessão de capacitação de técnicos de todas as delegações, a fim de melhorar o desempenho do ministério na implementação da campanha fitossanitária.
Em relação a sementes afirmou que dos levantamentos feitos pelas Delegações junto dos produtores a nível nacional, conseguiu-se apurar que estão disponíveis para venda 36.440 litros de sementes de milho, 2.583 de feijão pedra, 3.782 de bongolon, 520 feijão sapatinha e 995 de feijão congo, 1.403 de feijão fava e 447 de mancarra.
“Considerando a falta de sementes e visando apoiar os criadores que vêm sofrendo com sucessivas secas e aumento dos preços dos produtos, o ministério está em processo de aquisição de sementes de sequeiro nos produtores locais, que serão colocadas à disposição dos agricultores que não dispõem deste material vegetal, a preço promocional. Está-se igualmente no processo de importação de sementes, sobretudo de feijões, para complementar as da produção nacional que acusa ser insuficiente para fazer face às demandas da campanha. A chegada dessas sementes está prevista para final deste mês de Julho”, assegura.