Trabalho precário e abandono dos estudos dificultam integração dos cabo-verdianos em Portugal

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,15 jul 2022 9:02

Trabalho precário e jovens que abandonam estudos estão entre as situações que dificultam a integração dos cabo-verdianos em Portugal, revela o estudo sobre “Associativismo cabo-verdiano em Portugal: dinâmicas do presente e perspectiva para o futuro”.

De acordo com o estudo, que teve a coordenação de Jorge Malheiros e Ana Paula Horta, muitos jovens cabo-verdianos vivem em “bairros sociais” ou nos “bairros informais” e são caracterizados por terem uma taxa elevada de desistência e reprovação no ensino básico e não concluírem o terceiro ciclo, o que “contribui para formas de inserção desqualificante no mercado de laboral”.

Estes factores estão também relacionados com “alguns défices” de acompanhamento dos jovens por parte dos pais que, frequentemente, têm níveis de instrução formal baixos e encontram-se “demasiado envolvidos” no trabalho.

“Pode referir-se situações que dificultam a integração dos cidadãos cabo-verdianos em Portugal, designadamente: trabalho precário e jovens que abandonam os estudos precocemente e relatam ser discriminados e marginalizados pela sociedade portuguesa, podendo entrar em situações de delinquência”, indicam os autores.

De acordo com o estudo, que teve o acompanhamento da Federação das Organizações Cabo-verdianas (FOCV) em Portugal, outro ponto que dificulta a integração são as “dificuldades” de regularização de imigrantes cabo-verdianos, existindo trabalhadores indocumentados que chegaram como turistas e que se estabeleceram no país há anos.

“Neste sentido, o movimento associativo cabo-verdiano em Portugal, devido ao seu embasamento na própria comunidade e ao permanente contacto com os imigrantes, desempena um papel fundamental na remoção de barreiras para a sua integração e para a melhoria da sua qualidade de vida”, sublinhou.

De acordo com a mesma fonte, “fruto da sua condição económica desfavorecida”, os jovens acabam por “herdar a pobreza” do meio em que estão inseridos, podendo envolver-se no mundo das actividades informais e mesmo da criminalidade.

“Adicionar a esta dimensão do desfavorecimento em termos de classe, a questão da discriminação racial a que estão sujeitos emerge também como central para a compreensão da sua posição de desvantagem e de exclusão política, económica e mesmo escolar”, apontou o estudo publicado em forma de livro, em Lisboa.

A comunidade imigrada originária de Cabo Verde é a mais antiga dos Países Africanos da Independência de Cabo Verde (PALOP) a residir em Portugal, sendo o processo de imigração de cabo-verdianos para Portugal, marcado sobretudo pelos laços históricos, políticos, económicos e coloniais, bem como pela proximidade geográfica e linguística.

O estudo mostrou que os cabo-verdianos têm “núcleos importantes” em Leiria e Coimbra, por causa dos estudantes, sobretudo nos distritos do Porto e Braga e, de um modo significativo, no Algarve e sobretudo no distrito de Lisboa e Setúbal.

Referindo-se a municípios, Sintra, Amadora, Loures, Lisboa e Oeiras registam os números mais elevados, sendo que os 23.346 residentes legais cabo-verdianos na Grande Lisboa, representam cerca de 1,28 por cento (%) do total da população residente e 15,8% do total dos estrangeiros, de acordo com o último Censo (2011) da INE [Portugal].

Os municípios de Amadora (4%), de Sintra (2,1%) e Loures (1,4%) são aqueles que registam maior proporção de cabo-verdianos face ao total da população residente em 2011.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,15 jul 2022 9:02

Editado porSheilla Ribeiro  em  15 jul 2022 15:31

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