A manifestação que teve a Praça Alexandre Albuquerque, no Platô, como ponto de concentração, reuniu esta tarde, cidadãos de vários pontos da ilha de Santiago que juntos mostravam a sua insatisfação com o actual estado da nação.
Segundo o porta-voz da Rede das Associações Comunitárias e Movimentos Sociais da Praia (RACMS), Bernadino Gonçalves, a situação no país é cada vez mais insustentável para os cidadãos, sobretudo aqueles que dispõem de escassos recursos financeiros, e sublinha que é necessário que a população saia as ruas para exigir a mudança que o país precisa.
“Escolhemos o mês de Agosto para vir as ruas e fazer a nossa leitura do estado da nação enquanto cidadãos. Nós sabemos que as mudanças que a nossa sociedade precisa não vão acontecer hoje com a nossa manifestação. Estar aqui é uma maneira de reforçarmos a nossa democracia, mais do temos feito no dia-a-dia, hoje queremos chamar a consciência dos nossos governantes para terem em mente que o povo está atento em tudo que estão a fazer e não vamos aceitar que o povo seja levado em consideração só no dia das eleições”, informa.
Segundo este representante, permanentemente pede-se aos cidadãos comuns contenções e exigências que “infelizmente não se nota a nível dos sectores públicos tal correspondência nas decisões e nos actos de gestão”.
“É uma manifestação genuína da sociedade civil que esta descontente com o actual estado da nação. A nossa mensagem deixa claro, a Rede de Associações Comunitárias é formada por pessoas que vivem a realidade das comunidades no seu dia-a-dia, são pessoas que estão por dentro do que acontece nas comunidades, é fazer sentir que da maneira que estamos hoje, não podemos ficar”, acrescenta.
Bernadino Gonçalves assegura que diversos sectores precisam ser revistos. Aponta ainda que o foco principal da manifestação é chamar atenção para segurança e situação da justiça, que considera precária.
“ A questão da saúde e evacuações vem se mostrando cada dia mais urgente uma intervenção, são inúmeras as situações de perdas humanas que temos que enfrentar por conta de termos um sistema de saúde frágil, o desemprego, precariedade laboral e desigualdade salarial, situação dos transportes (marítimos e aéreos), ineficiência e não transparência na gestão da coisa pública, bloqueios no processo de governação devido a interesses partidários”, indicou.
Por seu turno Paula Silva, uma cabo-verdiana que vive há muitos anos no exterior, que fez questão de participar na manifestação, chama atenção para a precariedade salarial, aumento do preço dos bens e serviços e principalmente o desemprego, que segundo está manifestante deixa a maioria dos cidadãos em situação de vulnerabilidade.
“É uma vergonha para um país uma pessoa ganhar com um salário avantajado ao mesmo tempo que temos outras a receber uma pensão social do governo de cinco mil escudos. Todos os Cabo-verdianos merecem ser tratados com respeito, precisamos acabar com a facilitação para os grupos considerados privilegiados, ou elites da sociedade. Copiamos a Europa em tudo, então precisamos copiar o respeito pelos Direitos Humanos da Europa”.
Na mesma linha Bernadete Silva, que também aderiu à manifestação, considera que já é altura de dar basta a precariedade de Cabo Verde.
“Estamos farto de um governo gordo com uma população a passar fome. O que me faz Participar nesta manifestação é a falta de saúde, falta de segurança, falta de emprego e precariedade na justiça, uma porcaria de salário e os preços só aumentam todos os dias”.
A manifestação sobre o estado da nação contou com uma boa aderência ao longo do percurso passa pelo Sucupira, o maior mercado informal do país, de seguida pelo Palácio do Governo, com o término previsto nas imediações da Assembleia Nacional, em Achada Santo António.