Ulisses Correia e Silva, que presidia a cerimónia de inauguração do Laboratório de Biologia Molecular, adquirido com co-financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian e do Governo de Cabo Verde, em mais de 20 milhões de escudos, avançou ainda que o laboratório tem como objectivo ajudar na diminuição do estágio da doença assintomática e apoiar as decisões terapêuticas mais eficientes, nomeadamente, no cancro de mama.
Para Ulisses Correia e Silva, os investimentos efectuados no hospital da Praia têm dimensão, qualidade e amplitude.
“Durante estes últimos três anos tivemos de dar prioridade ao bom combate à pandemia da covid-19, mas ao mesmo tempo investimento em recursos humanos, com contratação de novos quadros, na formação e infra-estruturas nos vários centros de saúde em todos os concelhos do país”, precisou, sublinhando que a intenção é ter um sistema nacional de saúde (SNS) à altura.
Sublinhou ainda que nos próximos anos o serviço nacional de saúde será dotado de um laboratório de saúde pública, centro clínico integrado de simulação biomédica, centro técnico de instalação de manutenção de equipamentos, entre outros.
O PCA do Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, Imadoeno Cabral, ao usar da palavra, realçou que a ocorrência do cancro na população cabo-verdiana ronda os 18%, sendo que o cancro de mama representa 27% entre todas as outras formas de cancro.
“As estatísticas indicam que nos últimos dois anos foram registados mais de 260 casos e no decurso deste ano o hospital já registou 48 novos casos de cancro de mama”, disse, salientando que o diagnóstico precoce aumenta significativamente a probabilidade de sobrevivência dos pacientes e a cura.
Segundo Imadoeno Cabral, a partir de hoje o sistema nacional de saúde fica reforçado com uma capacidade avançada de diagnóstico que irá contribuir para a melhoria na qualidade de resposta aos cancros.
“Estamos a referir na diminuição do tempo de espera para obtenção dos resultados que anteriormente eram enviados ao exterior. Isso diminui custos no processo de diagnóstico e melhor capacidade para definir o tratamento”, acrescentou.
Na sua comunicação afirmou que o Hospital da Praia vai estar engajado na organização dos serviços e na promoção de competência para reforçar a capacidade de resposta e do sistema nacional da saúde.
O presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Professor António Feijó, ressaltou a importância do Laboratório de Biologia Molecular para uma autonomia no diagnóstico de cancro em Cabo Verde.
Reafirmou ainda o empenho da Fundação em continuar a apoiar sociedades mais autónomas, privilegiando universidades, centros de investigação e de saúde.
Dados do registo oncológico do HAN revelam que, em Cabo Verde (entre 2019 e 2021), o cancro da mama foi o mais diagnosticado (27,8%) e que a maioria dos casos são diagnosticados em estádios avançados (III e IV), o que tem comprometido a taxa de sobrevivência dos pacientes.