“A mensagem de hoje Natal é, no fundo, a mensagem da vida, da qualidade da vida, que resulta também do bom relacionamento entre as pessoas. Um bom relacionamento parte do conceito que nós temos do outro, do que somos, da nossa meta e do grande projecto comum da humanidade, que é a fraternidade… vivermos como irmãos, cuidarmos uns dos outros”, disse.
Segundo este líder religioso, as pessoas devem saber viver uns com os outros, na paz, na alegria, na harmonia, no cuidado recíproco, na esperança de que se está “a caminho da pátria”.
“Deus é o Pai comum, cuida de nós e, a partir daí, também a família. Por isso hoje temos também uma mensagem própria da família porque é a família que acolhe e promove a vida e dá qualidade para que cada um se assuma e assuma os outros”, prosseguiu.
Segundo explicou o bispo de Santiago, é o relacionamento com a família que vai tendo repercussão ao longo da existência do ser humano, na qualidade do seu relacionamento com os outros e na postura e posicionamento pessoal frente aos desafios que a vida e a sociedade apresentam, “mas sempre à luz daquele que tem um desígnio de amor e de felicidade para todos, que é Deus”.
“A violência que nós temos aqui em Cabo Verde existe porque as pessoas, muitas vezes, não aprenderam na escola da vida, que é a família, a relacionar-se uns com os outros como irmão, tanto a renunciar o seu egoísmo para pôr o bem do grupo acima de caprichos pessoais”, defendeu o Cardeal Dom Arlindo.
Isso, acrescentou, se estende também ao longo da sociedade, na vizinhança, no local de trabalho e em lugares de diversão.
“Na família aprendemos a usar as coisas com moderação, usamos aquilo que é preciso e para o bem, nunca para o mal. Em grandes ambientes de festas, se nós não tivermos essa formação, essa educação da família, facilmente resvalamos para o excesso. Os excessos trazem consequências, nos levam ao desequilíbrio e depois, naturalmente, a comportamentos, atitudes e acções agressivas que não têm cabimento”, frisou.
Dom Arlindo Furtado disse ainda que o mesmo acontece entre os povos, uma vez que, reforçou, as guerras de hoje acontecem por causa da injustiça, prepotência, abuso do poder, egoísmos, ambições desmesuradas em que se olha apenas para os caprichos e interesses pessoais e não o bem comum.
“Tudo isto parte do conceito que nós temos da pessoa, que eu sou e que os outros são e a experiência da família, que é uma escola de educação que nos ajuda, desde pequeninos, a ganhar o hábito, o treino, para vivermos com moderação e com justiça, amor, fraternidade, no espírito de generosidade, cuidando uns dos outros para a felicidade comum partilhada”, finalizou.