Brasil oferece 30 toneladas de sopa para refeições nas cantinas escolares

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 abr 2023 7:18

O ​Brasil ofereceu a Cabo Verde 30 toneladas de alimentos desidratados, orçamentados em 60 mil dólares e destinados ao reforço de refeições de cerca de 90 mil alunos nas cantinas escolares.

O donativo foi entregue, na Praia, pelo embaixador do Brasil em Cabo Verde, Colbert Soares Pinto Jr., ao ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, e é a resposta a um pedido feito em unho de 2022 pelo Governo, para fazer face aos impactos da escalada de preços dos alimentos e dos combustíveis, devido à guerra na Ucrânia.

Ao todo são 30 toneladas de sopa desidratada, sendo que cinco toneladas foram enviadas ao país já em Janeiro por via aérea, enquanto os restantes 25 mil quilos chegaram este mês por via marítima, em 2.000 caixas de alimentos para a confecção de cerca de 200 mil refeições.

Segundo o embaixador, a primeira parcela da ajuda já está a atender as necessidades mais imediatas da segurança alimentar e nutricional, com uma refeição quente para cerca de 90 mil alunos, correspondendo a 20% da população cabo-verdiana.

“A doação tem sido distribuída às escolas, contribuindo, assim, para o reforço do programa de alimentação escolar, coordenado pela FICASE [Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar]”, frisou o embaixador brasileiro, constatando que o contexto internacional coloca vários desafios aos países em desenvolvimento e ainda mais aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês).

“Por isso, faça-se oportuno manifestar e reforçar os laços de solidariedade entre povos irmãos. Com a presente doação, o Governo brasileiro reconhece o empenho do Governo de Cabo Verde em enfrentar esses desafios e junta-se ao seu esforço na busca de soluções para superá-los”, prometeu Colbert Pinto.

O diplomata afirmou que as relações entre o Brasil e Cabo Verde sempre estiveram num nível “muito bom”, mas durante a pandemia da covid-19 diminuíram de intensidade, e agora o objectivo é voltar a um “padrão normal” de cooperação, robustecendo a pauta de projectos.

O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, manifestou o “profundo agradecimento” do povo e do Governo do seu país e, sobretudo, a “resposta pronta” do Brasil ao apelo para debelar os efeitos da crise internacional provocada pela guerra na Ucrânia.

“Esta ajuda representa muito, tendo em conta que é direccionada para a alimentação escolar”, salientou o governante, entendendo ainda que o donativo é também “a expressão de uma relação de cooperação muito forte em vários domínios” com aquele país da América do Sul, e que também faz parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Gilberto Silva avançou que as 30 toneladas de alimentos vão ser distribuídas durante seis meses às cantinas escolares do país, e já estão a ser “muito bem aceites” pelas crianças, contribuindo não só para o equilíbrio nutritivo, mas também para o gosto.

“E foi um lote fabricado expressamente para esta ajuda. Por isso, nós apreciamos muito este tipo de ajuda, porque muito imediata, muito concreta, e que serve de forma muito directa as necessidades dos nossos alunos”, frisou o membro do Governo.

Além do Brasil, Cabo Verde solicitou a outros parceiros de desenvolvimento ajuda alimentar de emergência para apoiar as famílias mais vulneráveis, já que em 20 de Junho de 2022 declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra.

Na altura, o Executivo anunciou medidas de mitigação, com um custo total de 80 milhões de euros, e já mobilizou mais de metade desse valor para adoptar as medidas nos sectores da economia, energia e agroalimentar.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - sector que garante 25% do PIB do arquipélago - desde Março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.

Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo baixou em Junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que depois voltou a rever, mas em alta, acima de 8% e já em Dezembro para 10 a 15%.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 abr 2023 7:18

Editado porSara Almeida  em  26 abr 2023 12:09

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