A informação foi avançada pela directora do serviço, Conceição Pinto, em entrevista à Inforpress a propósito do Dia Mundial do Dador de Sangue, assinalado hoje.
A médica garantiu que a população de São Vicente tem dado resposta positiva às necessidades do banco de sangue e que permite ter sempre uma “reserva suficiente” para as solicitações da ilha.
Entretanto, além do serviço no HBS, este primeiro centro de sangue do País, criado desde 1956, também é responsável por manter as reservas do Hospital João Morais, em Santo Antão, mas também das delegacias de Saúde de São Nicolau e Boa Vista, o que, assegurou, acarreta muito mais esforço e mais dadores, para atender às outras ilhas.
“Às vezes fica um bocadinho difícil dar resposta às nossas solicitações de São Vicente e das outras ilhas”, admitiu Conceição Pinto, adiantando que, por isso, têm se deslocado regularmente à ilha de Santo Antão para reforçar o stock.
Quanto à recolha nas outras ilhas, a directora do serviço garantiu haver “centenas de pessoas motivadas”, por exemplo em São Nicolau, e que noutros tempos até doaram sangue várias vezes, mas, agora, com o problema de transporte, não é possível, porque não há garantia de ir e voltar para São Vicente em “dias razoáveis”.
“O nosso recurso em termos de pessoal não é muito e então não podemos dar-nos ao luxo de viajar e ficar muitos dias numa ilha e depois há a questão de conservação do sangue”, explicou a mesma fonte, acrescentando que, além de Ribeira Grande, não têm as mesmas condições do HBS para armazenar sangue nos outros concelhos sob a sua coordenação.
Daí, que, asseverou, o transporte tem se apresentando como um constrangimento, tanto para a recolha, como para o envio de sangue com regularidade para as reservas mínimas das duas outras ilhas, onde colocam somente uma quantidade de material factor Rh Negativo para cobrir toda a população local.
Conceição Pinto afirmou que no caso de São Nicolau tem se socorrido através da via marítima, que “não tem dado tanta garantia”, mas as coisas “complicam-se mais” quando é para Boa Vista, porque não há barco regularmente e nem voo directo para a ilha.
“Temos de enviar o sangue para o Hospital Agostinho Neto [Praia] para depois ser enviado para Boa Vista”, explicou, exaltando a “boa cooperação” existente entre os dois hospitais.
“Infelizmente tem de ser assim, porque essas ilhas também têm situações de urgência e o problema de transporte condiciona um bocado. Ás vezes, podemos ter um doente a precisar de uma transfusão e se não há transporte as coisas podem complicar-se”, considerou a também responsável pelo Programa Nacional de Segurança Transfusional, para quem tem sido feito um “grande esforço” para se manter essas reservas.
Quanto aos dadores, enaltecidos neste dia 14 de Junho, Conceição Pinto acredita que o mais importante não é ter milhares destes no ficheiro, mas sim ter o suficiente, sejam novos ou antigos, para repor os gastos diários, que, assegurou, têm aumentado devido também ao aumento de doentes.
Por outro lado, enalteceu a “vitória” alcançada ao equilibrarem o número de doadores do sexo masculino e feminino, quando antigamente eram maioritariamente homens, e ainda terem alcançado 100 por cento (%) de dádiva voluntária e regular desde 2013.
A responsável do Banco de Sangue de São Vicente também ressaltou a sensibilização neste momento feita através das redes sociais, que, considerou, tem sido “muito benéfica” e permitindo chegar a doadores com “muito mais facilidade”.
Contudo, a médica apontou como um dos principais desafios alcançar dadores na faixa etária dos 18 aos 25 anos, que ainda se apresentam em “muito pouca quantidade”.
E é para estes jovens que deixa o apelo do dia, incentivando-os a “doarem sangue já que cada vez há mais necessidade devido ao surgimento de cada vez mais doenças, e por isso, é muito mais necessário este acto de solidariedade que ajuda a salvar vidas”.
O Dia Mundial do Dador de Sangue é celebrado anualmente a 14 de Junho, em todos os países e sob a égide da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A data foi instituída em homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner, imunologista austríaco que descobriu o factor Rh e as várias diferenças entre os tipos sanguíneos.
Além de agradecer aos doadores, é um dia de conscientizar sobre a necessidade global de sangue seguro e de como todos podem contribuir. Por meio de campanhas, mais e mais pessoas em todo o mundo são convidadas a se tornarem salvadores, oferecendo-se voluntariamente para doar sangue de modo regular.