Segundo a agência Lusa , num documento que teve acesso, o Governo explicou que um dos objectivos constantes no Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) é implementar e consolidar seis programas, um deles ligado à Diáspora.
“Uma das metas previstas com a implementação do programa “Diáspora Cabo-verdiana - Uma Centralidade” estabelece que até 2026 o país deve mapear, recensear, estudar e conhecer o perfil das comunidades cabo-verdianas no exterior, em todos os países de acolhimento, com a finalidade de produzir estatísticas oficiais e promover a sua integração no Sistema Estatístico Nacional”, reforçou.
A coordenação e realização do mapeamento da Diáspora cabo-verdiana será feita pelo Instituto Nacional de Estatística, enquanto órgão executivo central de produção e difusão das estatísticas oficiais no âmbito do Sistema Estatístico Nacional (SEM).
Segundo o Governo, a operação tem como objectivo principal “recolher dados para a produção de estatísticas oficiais, no âmbito do SEN, de modo a permitir conhecer o perfil sociodemográfico, económico e a distribuição geográfica da Diáspora cabo-verdiana em todos os países de acolhimento, tendo em vista a sua integração no processo de desenvolvimento sustentável de Cabo Verde”.
O mapeamento será realizado em todos os países que acolhem a Diáspora cabo-verdiana com vista a actualizar e facilitar um ajuste funcional adequado à operação de produção de estatísticas oficiais, prossegue-se na mesma resolução, que prevê a realização da operação até final de 2026.
A operação será feita através do desenvolvimento da diplomacia e cooperação técnica nos domínios de estatísticas com os países que acolhem cabo-verdianos, através de utilização das fontes administrativas existentes, tanto no país como nas embaixadas e consulados gerais de Cabo Verde espalhados pelo mundo.
Também será feita através de um processo de recolha directa numa Plataforma Web especificamente construída para o efeito e através de outros meios considerados tecnicamente úteis e relevantes para a implementação do processo de recolha de dados.
Para mapear a Diáspora, o Governo de Cabo Verde espera mobilizar financiamentos juntos de parceiros de desenvolvimento, que serão colocados à disposição do INE.
“Os dados estatísticos individuais recolhidos no âmbito do mapeamento da Diáspora são transpostos para o suporte digital e guardados pelo INE, em condições de absoluta segurança, só podendo ser utilizados para fins estatísticos e históricos, com salvaguarda do disposto na lei”, lê-se na resolução governamental.
No processo, é referido que o INE, por razões metodológicas, pode estabelecer o número de países designados para o mapeamento, por forma a averiguar, regularizar, promover e facilitar o acesso dos 25 países representativos do universo de acolhimento da Diáspora, na África, América, Europa e Resto do Mundo.
A resolução define ainda “Diáspora cabo-verdiana” como as comunidades cabo-verdianas e seus descendentes que vivem fora do território nacional e que se encontram dispersas por várias regiões e países do mundo, que preservam, através de suas expressões cultural e identitária, o afecto, a língua, os costumes e a ideia permanente de ligação e do regresso a Cabo Verde.
Em Maio do ano passado, o ministro das Comunidades, Jorge Santos, estimou que vivem fora do país 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes, muito maior do que os cerca de 500 mil residentes, mas sublinhou ser necessário conhecer melhor a Diáspora, enquanto “parte constitutiva da nação”.
“Precisamos de saber onde estamos, quantos somos, o que fazemos e quais são as competências e saberes nas nossas comunidades”, afirmou o ministro num debate no parlamento.
De acordo com dados do mais recente relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV), as remessas dos emigrantes para o arquipélago atingiu o recorde de mais de 272 milhões euros em 2022, um aumento de quase 15% face a 2021.