A governante deu essa certeza como presidente de honra da cerimónia de juramento da 2ª incorporação militar de 2023, realizada hoje, no Centro de Instrução Militar Zeca Santos, em Morro Branco, São Vicente.
Janine Lélis iniciou o seu discurso recordando o recruta Davidson Barros, que faleceu no passado dia 13 de Outubro, no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, após se sentir mal-disposto no final de uma marcha administrativa, e cujo relatório da Autópsia Médico Legal apontou como causa principal da morte edema agudo pulmonar, tal como avançou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Duarte Monteiro.
A ministra dirigiu-se ao grupo de 370 recrutas no recinto dizendo saber o sentimento vivido no momento “uma mistura de alegria e pesar” pela partida do colega, que, sublinhou, alistou-se pelo compromisso com o seu país e por ter uma ambição com a instituição castrense.
“Por tudo isso, reiteramos o nosso profundo pesar aos pais, aos familiares e amigos e, em particular, a vós soldados recém-jurados, enquanto colegas, bem como às Forças Armadas porque perderam um colega e um promissor jovem militar”, lançou, solicitando um minuto de silêncio em memória do malogrado.
Janine Lélis prosseguiu e assegurou que o serviço militar obrigatório, tão falado nesses últimos dias também devido a essa morte, está neste momento em reflexão, não obstante ser “mais do que um imperativo constitucional, um dever cívico dos cidadãos para com a defesa da pátria”.
“É fundamental, para que as Forças Armadas possam continuar a existir e para que possam cumprir com as suas missões, com os valores constitucionais de defesa militar do País, contra quaisquer ameaças externas e internas”, explicou.
Este serviço, conforme a mesma fonte, é essencial para que Cabo Verde continue a ter homens e mulheres suficientes para apoiar o serviço de protecção civil nas missões de socorro e momentos de crise, para apoiar o sistema nacional de saúde, nas transferências médicas e de pandemia, como aconteceu com a covid-19 e dengue.
Lembrou, por outro lado, que sem esse serviço, ficariam limitadas as acções de cooperação com as demais forças de segurança, nas missões de combate ao crime organizado, ao tráfico de droga, à pesca ilegal, à pirataria marítima, entre outros.
“O que queremos dizer, é que as Forças Armadas se renovam através do serviço militar obrigatório, que, por sua vez, possibilita o preenchimento dos postos e das hierarquias funcionais da instituição castrense que serve o País, que serve a Nação”, elucidou.
Mesmo assim, a ministra da Defesa Nacional disse que o Governo reconhece os questionamentos levantados à volta do assunto e, por isso, está a reflectir sobre o serviço militar obrigatório.
Janine Lélis referiu-se a uma “larga discussão” em 2022, com “contribuições valiosas”, mas, a par disso, assegurou que não se pode descurar os “enormes esforços” feitos para elevar e assegurar os melhores padrões deste “serviço essencial e fundamental para as Forças Armadas”.
As mesmas Forças Armadas que, advogou, apresentam oportunidades vastas em termos de formação e carreira, entre estes o programa Soldado- Cidadão, actualmente com uma taxa de empregabilidade, asseverou, “à volta dos 75 a 80%”.
A segunda incorporação de 2023 contou com 370 recrutas, entre estes dez do sexo feminino, que estiveram em instrução por um período de dez semanas, sendo cinco para preparação básica e outros cinco para as especialidades, Polícia Militar, Fuzileiros Navais e Marinheiros Navais, de acordo com informações avançadas na cerimónia pelo director do Centro de Instrução Militar do Morro Branco, José Morais.