A diplomata falava na abertura do workshop sobre “Inteligência Artificial Responsável na Promoção de Diversidade e Desenvolvimento Sustentável na CEDEAO”, promovido pelo Laboratório de Inteligência Artificial Responsável (RAIL), consórcio que envolve as universidades de Cabo Verde, Senegal e Gana e que conta com financiamento da UE.
Carla Grijó sustentou que nesse contexto é necessário garantir que a tecnologia seja um instrumento ao serviço das pessoas e das sociedades, salientando que não sendo a única que interpela ao homem, a inteligência artificial é, talvez, a que mais evidencia riscos como o da exclusão digital, ou também os riscos que são inerentes à transformação das profissões.
“Gostaria também de destacar a importância de uma perspectiva africana e de uma perspectiva de género no debate sobre a inteligência artificial, sendo um facto reconhecido que, até agora, o domínio das tecnologias de informação tem sido historicamente dominado por homens e por um ponto de vista dos países do Hemisfério Norte”, disse
Na sua perspectiva este cenário cria “um viés” que pode ser exacerbado pela inteligência artificial que pode acentuar esses “estereótipos” e não reflectir, de uma forma plena, todas as sociedades.
“Basta pensar que, segundo os dados da Comissão Europeia, em 2018, apenas 22% dos profissionais mundiais no domínio da inteligência artificial eram mulheres”, exemplificou.
Por isso espera-se que o workshop, iniciado hoje na Universidade de Cabo Verde, na Cidade da Praia, seja uma oportunidade “valiosa” para abordar todas estas questões, promovendo uma visão mais inclusiva e equitativa no desenvolvimento tecnológico e abordando estas questões de uma forma ética.
Carla Grijó sustentou que como todas as tecnologias, a inteligência artificial é uma ferramenta, pode ser bem ou mal utilizada, depende sobretudo da inteligência humana.
Neste sentido realçou que os laboratórios poderão dar um contributo importante.
O RAIL é consórcio que actualmente envolve Cabo Verde, Senegal e Gana e tem a sua sede no Gana, na Kwame Nkrumah University of Science and Technology, e tem laboratórios satélites em Cabo Verde, na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e no Senegal, na Université Cheikh Anta Diop de Dakar.
O projecto RAIL conta com o financiamento da União Europeia através de um programa, a RISE, que visa fortalecer os laços de cooperação entre as instituições envolvidas e o aprofundamento da reflexão sobre o que deve ser a inteligência artificial responsável.
“Este tipo de intercâmbio de experiências e conhecimentos contribui para que as universidades ocupem um espaço relevante na agenda digital, mas também promove ganhos significativos para a economia dos diferentes países”, sustentou a embaixadora.