Em declaração aos jornalistas, na abertura do Fórum “Empregabilidade das Pessoas com Deficiência em Cabo Verde”, promovida pela Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde – ADEVIC, a Secretária de Estado da Inclusão Social destacou a preocupante situação de desemprego entre as pessoas com deficiência em Cabo Verde, apontando uma taxa de desemprego de cerca de 35% neste grupo.
Segundo Lídia Lima, a falta de educação formal é um factor significativo entre as barreiras da integração laboral, uma vez que 52% das pessoas com deficiência estão desempregadas possuindo apenas o ensino básico. A proporção diminui consideravelmente para aqueles com ensino secundário (15%) e ensino médio ou superior (5%).
Essa responsável sublinhou a importância da intervenção institucional, enfatizando a necessidade de socializar as informações sobre as leis existentes e melhorar as condições das instituições para oferecer suporte abrangente às pessoas com deficiência em diversas áreas.
“Possuímos uma base legal sólida com leis que defendem os direitos das pessoas com deficiência. No entanto, como sociedade, precisamos ser mais abertos e conscientes de que essas pessoas merecem respeito e podem contribuir para o desenvolvimento do país. Nós, com as empresas, também oferecemos incentivos fiscais para aquelas que contratam pessoas com deficiência a tempo indeterminado. O desafio reside na necessidade de sensibilização das instituições, empresas e da sociedade em geral para colaborarem de maneira mais eficaz na integração das pessoas com deficiência no processo de desenvolvimento nacional.”.
A Secretária de Estado da Inclusão Social destacou a urgência de abordar a situação de desemprego e pobreza que afecta esse segmento da população em Cabo Verde, sendo que 47 mil pessoas no arquipélago têm alguma deficiência, e que na sua maioria têm deficiência visual, seguida da deficiência motora, a deficiência cognitiva e auditiva.
“Portanto, essa população precisa de uma grande atenção, porque corre o risco de ficar para trás. Nós estamos alinhados com os Objectivos em Saúde e Desenvolvimento Sustentável, temos de desenvolver espaços conjuntos, governo e sociedade, as empresas, sector público e sector privado, com focos conjuntos, no sentido de implementarmos as acções já desenvolvidas, os instrumentos já existentes e também envolver as pessoas com deficiência em todos os centros de desenvolvimento”. Reiterou.
Lídia Lima destaca a importância da fiscalização, recuperação e sensibilização nas empresas/instituições em relação às pessoas com deficiência. Enfatiza a responsabilidade do Estado, particularmente do ministério da Família, na implementação de uma estratégia nacional.
A representante do governo apontou ainda a necessidade de socializar as leis em todas as instituições, incluindo o Ministério da Educação, que deve trabalhar com famílias e comunidades para garantir a inclusão de pessoas com deficiência no sistema educacional.
Em relação às famílias, Lima sublinha que devem estar cientes de que o sistema educacional está preparado para receber crianças com deficiência, com professores treinados, e salas de recursos e a aquisição de equipamentos para adaptar o ensino às necessidades dos alunos com deficiência.
Além disso, as condições de acessibilidade nas universidades, citando um exemplo de uma turma na Unipiaget, composta exclusivamente por alunos com deficiência que têm alcançado sucesso acadêmico.
A Secretária de Estado da Inclusão Social aponta ainda a necessidade de eliminar preconceitos, respeitar a lei e garantir os direitos das pessoas com deficiência, integrando-as no processo de desenvolvimento sustentável do país.
“A diversidade é fundamental para o desenvolvimento, e que todas as pessoas, independentemente de características individuais, podem contribuir para o progresso do nosso país”, acrescentou.