A proposta foi feita pelo bastonário, Danielson Veiga, em declarações à imprensa, no final de um encontro com o provedor de Justiça, José Carlos Delgado, que teve por objectivo o levantamento de um conjunto de questões relacionadas a saúde, e a montagem de um plano de protocolo de cooperação entre as duas entidades.
Na ocasião, Danielson Veiga reconheceu um conjunto de queixas provenientes dos cidadãos nos serviços de saúde, que têm a ver sobretudo com o tempo de espera para realização de consultas e de cirurgias, avançando que já foram discutidas entre a Ordem e a direcção do Hospital Universitário Agostinho Neto, que se mostrou disponível para mudanças.
“Então, a nossa proposta é que possa haver programas para realização de cirurgias programadas à tarde ou à noite para poder reduzir a lista de espera”, adiantou, lembrando que em muitos países o bloco operatório não pára, e está sempre a trabalhar.
Isto porque admitiu que os pacientes às vezes ficam à espera um ano ou mais para serem chamados, porque é dado sempre prioridade a cirurgias urgentes, afirmando que muitas vezes até serem chamados os doentes ficam permanentemente a correr atrás do médico nos hospitais para resolver os seus problemas.
“O médico cabo-verdiano é muito mal falado junto da população, e a culpa não está nos médicos, nível africano estamos bem qualificados. Não é à toa que Cabo Verde em África, em relação aos indicadores de saúde, temos uma posição muito elevada”, ressaltou.
A seu ver, a população não reconhece o esforço desses profissionais tendo explicado que estes muitas vezes atendem 50 pacientes num dia, e não têm tempo para falar com o doente como deve ser.
“E a pessoa sai do hospital insatisfeita, e, por outro lado, dizem que vão ao hospital porque nos centros de saúde não há condições de fazer exames. Havia a proposta para criação de um centro diagnóstico previsto para ser construído na zona da Fazenda, no antigo PMI, que teria serviços de TAC, ecografias, exames, RX, e logo a pessoa faria exames rapidamente”, frisou.
De entre os assuntos abordados no encontro, o bastonário referiu-se ainda a preocupações relacionadas com a morosidade na realização da junta médica e a transferência de doentes, tanto interno como externo, sobre a carreira médica, a especialização dos médicos, a parceria público-privada, e a inscrição dos médicos na Ordem.