A afirmação foi feita em declarações aos jornalistas, na cidade da Praia, momentos antes de participar, na qualidade de palestrante, numa conversa aberta com jovens sob o lema “Equilíbrio emocional e uso de drogas” no âmbito das comemorações ao Dia Mundial da Saúde, promovida pela Câmara Municipal da Praia.
Por isso, apontou, há um “aumento exponencial” do uso de drogas, “que está ao olho de todos”, adveniente também do nível de pobreza das famílias e de outras variáveis sociais e psicológicas.
“Estamos num país em que mais de 70 por cento (%) de família é monoparental e com um nível de desemprego extremamente elevado. Quando fazemos o cruzamento dessas variáveis, constatamos que não temos nada em termos de políticas públicas que apontem para uma diminuição do uso das drogas, do álcool ou de outros fenómenos “, explicou.
Por outro lado, advertiu que esses três primeiros meses do ano demonstram que a situação da sociedade é “extremamente preocupante” a nível da saúde mental, lembrando que o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a covid-19 indica o agravamento da sanidade intelectual nos próximos seis anos.
“Cabo Verde tem um nível de depressão que se compara a nível mundial, estamos entre os primeiros na África e no mundo, em termos per capita", apontou o sociólogo, apelando ao Governo e todos profissionais desta área a saírem do “campo do achismos”.
“Quando temos um país com uma vulnerabilidade psico-emocional dos jovens muito flagrante podemos esperar que os próximos anos sejam muito comprometido”, advertiu Jacob Vicente.
O músico e activista social Gá Dalomba, que foi um dos palestrantes, considerou, por seu lado, que a “monoparentalização das famílias” está associada ao equilíbrio emocional dos jovens cabo-verdiano, que consequentemente pode influenciar no uso do álcool e outras drogas.
O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente no dia 07 de Abril, com o objectivo de mobilizar apoio para a conscientização, acção e pesquisa sobre as prioridades globais da saúde e bem-estar para todos.