Desde a sua fundação, Praia tem sido um centro cultural, político e económico do arquipélago, atraindo turistas e investidores de todo o mundo, passando, ao longo dos anos, por diversas transformações.
O seu centro histórico [Platô] preserva construções antigas datadas do século XIX, que contrastam com edifícios modernos e que surgiram nas últimas décadas.
A cidade também conta com uma vibrante cena cultural, museus e festivais que celebram a rica herança cultural do país.
Além disso, é o mais importante centro económico de Cabo Verde, abrigando sedes de empresas nacionais e internacionais, bem como instituições governamentais e diplomáticas.
No entanto, tem enfrentado, ao longo dos tempos, desafios como a falta de habitação acessível, a poluição e a congestão do tráfego. Ainda assim, continua a ser um lugar dinâmico e multicultural, onde a história se funde com a modernidade e a diversidade é celebrada.
Neste 166º aniversário, os habitantes da cidade da Praia celebram a sua história e olham para o futuro com esperança e determinação, mas apontam algumas preocupações, principalmente a nível de segurança, infraestrutura de saneamento e aumento do custo de vida.
A Inforpress saiu à rua para ouvir os praienses sobre a evolução da capital cabo-verdiana, bem como os seus principais desafios, sendo a segurança pública uma preocupação recorrente entre os entrevistados.
Mawuko Sedefia, um togolês que vive nesta urbe há 23 anos, disse que se sente um praiense e cabo-verdiano [tem esposa cabo-verdiana e duas filhas] e enalteceu o desenvolvimento da Praia, apontando que ainda há muitos desafios por debelar.
Para Mawuko Sedefia, a insegurança é o principal problema e culpa a família ao considerar que a educação domiciliar é um factor imprescindível nesta luta pela segurança na sociedade praiense.
"O Governo e o poder local têm feito o seu trabalho, mas a família, o modo como educamos os nossos filhos é crucial" apontou, Mawuko Sedefia, que é presidente da Associação do Imigrantes Togoleses em Cabo Verde e vice-presidente de Conselho de Jurisdicional da Plataforma das Comunidades Africanas em Cabo Verde.
O imigrante saudou o grau de evolução da Praia, a "vários níveis" e exaltou o desenvolvimento a nível de infraestruturas, apontando que o saneamento e o tráfego desordenado como um dos maiores desafios da Praia nesses últimos tempos.
O jornalista Adilton Agues defendeu que se trata uma data para comemorar e de reflexão para ver como a cidade da Praia pode servir Cabo Verde e os seus munícipes
"A cidade da Praia tem tido uma evolução positiva, contando com o contributo de todos que passaram pela sua governação. Para que tenhamos também uma cidade que inspira confiança", observou o jornalista, é preciso estar ciente dos desafios sociais, "para que haja um desenvolvimento equitativo e equilibrado".
De entre os desafios apontou o saneamento, o transporte interurbano e a segurança, sector que Adilton Agues classificou como "crítica", sendo por isso, conforme apontou, requer um juntar de esforços, de um simples munícipe ao ministro da tutela, para resolver esta questão, "que é de todo país".
"Temos que pensar a cidade da Praia na lógica de que ela é cada vez mais cosmopolita", observou.
A comerciante Patrícia Fernandes, residente em Achada Santo António, disse que por Praia ser cosmopolita, "alberga pessoas de todas as ilhas e todo mundo", e que isso pode também alavancar outros problemas.
Para a entrevistada da Inforpress, essa ‘cosmopolitalidade’ capital de Cabo Verde, apresenta diversos problemas, com destaque para a desigualdade social e económica.
"A cidade da Praia concentra uma grande parte da população do país, o que acaba gerando desigualdades sociais e económicas, com áreas de grande prosperidade contrastando com bairros precários”, precisou.
Por outro lado, na qualidade de comerciante, considerou que essa diversidade é um grande atractivo para os negócios.
"A variedade de clientes e gostos faz com que possamos oferecer uma grande variedade de produtos e serviços, atendendo a diferentes demandas e preferências", disse Patrícia Fernandes, alertando, contudo, para o aumento do custo de vida na capital cabo-verdiana.
No entanto, apontou, a falta de infraestrutura adequada, especialmente nos bairros periféricos, problemas com falta de água, pavimentação precária e iluminação insuficiente nas ruas, como problemas que ainda persistem.
Essas preocupações reflectem a realidade enfrentada pelos moradores da cidade da Praia, que esperam por soluções e melhorias por parte das autoridades locais e governamentais.
No cômputo geral, os praienses entrevistados pela Inforpress destacaram que a cidade da Praia tem tido uma evolução significativa ao longo dos anos, com a melhorias infraestruturais, a chegada de novos empreendimentos para a promoção do turismo.
No entanto, também apontaram alguns constrangimentos que ainda persistem na capital cabo-verdiana, tais como o trânsito caótico, a falta de espaços verdes e de lazer, a falta de habitação acessível e de emprego para os jovens.
Em suma, os praienses reconhecem os avanços que a cidade da Praia tem alcançado, mas também destacam a importância de continuar trabalhando para superar os desafios e tornar a capital cabo-verdiana um lugar cada vez melhor para se viver.
A vila da Praia de Santa Maria surgiu em 1615, quando se deu o início do povoamento de um planalto situado perto de uma praia (praia de Santa Maria).
Através de um decreto de 29 de Abril de 1858, com a elevação do estatuto de vila Santa Maria da Vitória para cidade, Praia ficou definitivamente a capital de Cabo Verde, concentrando as funções de centro político, religioso e económico.
O dia 29 de Abril passou a ser feriado municipal por deliberação da Assembleia Municipal, de 23 de Março de 2018, e publicado no Boletim Oficial II Série nº 43 de 18 de Julho.