“Estamos num ano eleitoral para as câmaras municipais e é também um momento de mostrar, mais uma vez, a importância que a imigração deve ter nas suas preocupações”, referiu à agência Lusa, à margem de um encontro de dois dias com técnicos dos 22 municípios do arquipélago.
O encontro é promovido pela AAI com a participação da Agência para Integração de Migrantes e Asilo (AIMA) de Portugal e de dois municípios portugueses, Fundão e Sintra, com experiência comprovada na gestão local da imigração.
A iniciativa faz parte do projecto “Coop4Int - Reforço da Integração de Migrantes através da Cooperação entre Portugal e Cabo Verde”, que está a ser desenvolvido desde 2021 e que levou a AAI a criar Unidades Locais para a Imigração (ULI).
“Temos conseguido realizar muito no tocante à integração local dos imigrantes, com reforço técnico e logístico das câmaras, várias formações, mas também com a implementação das unidades locais para a imigração”, inspiradas nos centros locais dos municípios portugueses, referiu Cármen Furtado, à Lusa.
O projecto Coop4Int está no último ano, mas “a intenção é continuar” e abarcar outras áreas, acrescentou.
Já a ex-alta comissária das Migrações e dirigente da Agência para Integração de Migrantes e Asilo (AIMA) Sónia Pereira destacou “a relevância” do que se passa “a nível local, porque é aí que efectivamente acontece esta integração de que nós falamos muitas vezes, em abstracto”.
“Os municípios têm tido um papel muito importante em Portugal”, disse, classificando como positiva a “partilha” do modelo português e a “aprendizagem conjunta para se definirem modelos que permitam a Cabo Verde ou Portugal criar estruturas adequadas às migrações que tem no seu território”.
Dados baseados nos censos de 2021 apontam para uma população imigrante situada entre 2% a 3% do total de 500.000 habitantes do país (perfazendo quase 11.000 imigrantes).
Os municípios das ilhas do Sal e Boa Vista apresentam um peso maior da imigração (6% e 12%, respectivamente) por influência do sector do turismo na procura de mão-de-obra.
O projecto Coop4Int está presente em todas as ilhas e municípios, mesmo onde as percentagens são mais baixas, porque “tem havido um aumento”, referiu Carmen Furtado, citando exemplos dos concelhos da ilha do Maio, do Porto Novo (ilha de Santo Antão) e de São Filipe (ilha do Fogo).