Em declarações à imprensa, no âmbito da celebração dos 30 anos do IEFP, o presidente, Paulo Santos, reflectiu sobre as conquistas e desafios enfrentados ao longo das últimas três décadas, destacando como um dos marcos mais significativos do IEFP a criação das estruturas desconcentradas, os centros de emprego distribuídos por todo o território nacional.
"A criação dessas estruturas deu ao IEFP uma relevância e importância na execução das políticas públicas, levando em conta a insularidade e as assimetrias regionais de Cabo Verde", afirmou.
Paulo Santos destacou a implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) em 2020, 26 anos após a fundação do Instituto, como um fator que trouxe nova motivação aos colaboradores e modernizou os instrumentos de gestão interna. Para este responsável, o impacto do IEFP pode ser medido pelo número de cabo-verdianos beneficiados pelas suas acções.
"O marco maior deste Instituto foi ter beneficiado milhares de cabo-verdianos com formação profissional e emprego. São milhares de pessoas que passaram pelas nossas estruturas nestes 30 anos e que tiveram suas vidas transformadas. O nosso lema para o 30º aniversário, '30 anos construindo carreiras e transformando vidas', reflecte bem essa missão."
Sobre os desafios actuais, o presidente do IEFP destacou a necessidade de especialização dos centros de emprego e a ambição de transformar Cabo Verde em um hub de formação profissional na sub-região africana.
"Temos um projecto com Portugal para criar centros especializados. O objectivo é dotar os centros de condições de excelência, comparáveis às da Europa, para formar os nossos jovens com qualidade e acompanhar as novas tecnologias", explicou.
Além disso, Paulo Santos abordou o tema da migração laboral dos cabo-verdianos para Portugal, reconhecendo que, embora a migração seja um processo natural e histórico, o foco do IEFP está em criar condições para que os jovens encontrem oportunidades em Cabo Verde. O PCA do IEFP Cabo Verde reforçou que o sector de formação profissional em Cabo Verde está bem estruturado e alinhado com as necessidades do mercado.
Por sua vez, no fórum “IEFP - Perspectivas e Futuro”, o director do Departamento de Formação do IEFP de Portugal, Luís Manuel Ribeiro, destacou a importância da cooperação entre os dois países no sector de formação e emprego profissional, e sublinhou o impacto significativo dos IEFP de Portugal e Cabo Verde na vida das pessoas e das empresas.
"Os testemunhos que ouvimos diariamente mostram o quanto o IEFP, seja ele português ou cabo-verdiano, impacta positivamente. A sabedoria popular nos ensina que sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe", afirmou.
O director do Departamento de Formação do IEFP de Portugal enfatizou a necessidade de cooperação internacional e entre organizações públicas e privadas para desenvolver soluções eficientes. Luís Manuel Ribeiro também compartilhou a experiência de Portugal com a gestão participativa nos centros de formação, que envolve representantes dos empregadores e sindicatos.
"A cooperação é essencial para enfrentar as rápidas mudanças no mundo actual, especialmente com as transições digital e verde. Portugal e Cabo Verde devem trabalhar juntos para se posicionarem na linha de frente dessas transformações", concluiu Luís Manuel Ribeiro, reforçando a importância de continuar a fortalecer os laços entre os dois países no campo da formação profissional.
Luís Manuel Ribeiro também compartilhou o modelo de gestão adoptado pelo IEFP de Portugal, que pode servir de exemplo para Cabo Verde. "Em Portugal, temos uma grande proximidade entre os centros de formação e os parceiros sociais. A nossa rede de centros divide-se em centros de gestão directa e centros de gestão participada, sectoriais dentro de algumas áreas de especialização. Nos Conselhos de Administração desses centros, há representantes de empregadores, associações empresariais e confederações sindicais", disse.
Este responsável enfatizou que "as transições digitais e verdes são grandes oportunidades para Portugal e Cabo Verde. Quem estiver na dianteira da transformação digital não terá problemas com a localização geográfica. Precisamos estar preparados para essas oportunidades, aproveitando a qualificação das pessoas e a proximidade com as empresas para entender as competências que serão necessárias no futuro próximo".