Marcília Fernandes falava em entrevista exclusiva à Inforpress por ocasião do Dia Mundial dos Farmacêuticos, assinalado dia 25 de Setembro, celebrado desde 2017 sob o lema “Farmacêuticos: Atendendo às necessidades globais de saúde com soluções locais”.
A bastonária salientou que a data serve para reflectir sobre a actual situação dos profissionais que exercem a função, independente do regime de trabalho e de acordo com a legislação, no entanto, não aufere de uma carreira de trabalho específica.
Ou seja, conforme avançou, o farmacêutico no sector público é considerado um quadro técnico e a sua carreira é gerida neste grupo e não existe uma carreira profissional.
Um processo que garantiu “está em andamento” e em discussão com os responsáveis pela área da Saúde.
Marcília Fernandes observou que várias clínicas privadas, que realizam regularmente cirurgias que precisam de medicamentos, não têm a presença de um farmacêutico para realizar o controlo e assegurar a segurança do paciente.
Nas estruturas públicas de Saúde, alertou, a situação replica-se com a ausência deste profissional que cede o seu papel para outro contratado responsável pelo circuito completo dos medicamentos.
“Por onde o medicamento entra, quem recebe o medicamento, quem faz a gestão, quem faz a distribuição, quem faz a recolha dos resíduos farmacêuticos?”, questionou, asseverando que o profissional cuida da segurança, colecta e tratamento dos medicamentos, porém não há valorização pública da profissão.
Para a bastonária da OFCV, em Cabo Verde há várias lacunas e vários espaços que não estão a ser ocupados por farmacêuticos que deveriam ser os próprios responsáveis por todo o circuito do medicamento e das vacinas.
Segundo a fonte, os profissionais têm formação nas mais diversas instituições e a OFCV é a entidade pública profissional que abrange e representa os farmacêuticos que exercem a função independente do regime de trabalho e de acordo com a legislação.
A covid-19 trouxe, especificou, lições importantes evidenciando o papel do farmacêutico em solucionar os problemas de saúde da população sem colocar em risco a contaminação.
Apesar do encerramento de vários serviços, as farmácias, pontuou, foram um dos estabelecimentos que não fecharam as portas durante a pandemia, atendendo às necessidades de todas as pessoas, à semelhança dos hospitais e estruturas de saúde.
“Os farmacêuticos estiveram na linha da frente no combate à covid-19, as farmácias conseguiram prestar um bom trabalho, fazer todo o processo de adaptação as ofertas de serviço de forma a garantir que funcionava ininterruptamente e tivemos casos irrisórios de contaminação dos funcionários da farmácia”, disse.
Com o controlo da entrada das vacinas e da temperatura e conservação dos medicamentos, de acordo com Marcília Fernandes, demonstrou-se a importância dos farmacêuticos comprovando o seu valor num período de crise humanitária.
O Dia Mundial dos Farmacêuticos foi instituído em 2009 pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP) aquando da realização da reunião do conselho da FIP em Istambul, Turquia.
Todos os anos a FIP anuncia um tema sobre o qual as associações e indivíduos ligados à profissão farmacêutica organizam campanhas nacionais ou projectos locais para mostrar o bom trabalho que a classe desempenha na melhoria da saúde das pessoas em todo o mundo.