Esta preocupação da nutricionista foi manifestada em entrevista à Inforpress, depois de ter visitado diversos jardins de infância e escolas na capital do país para verificar "in loco", a qualidade da alimentação que as crianças levam de casa para o lanche, no âmbito do Dia Mundial da Alimentação que se assinala hoje, 16 de Outubro.
Esta responsável aproveitou a oportunidade para chamar e alertar os pais e encarregados de educação para ficarem mais atentos com os lanches que colocam nas mochilas para os seus filhos levarem para o jardim e também para as escolas.
Disse constatar que a maioria dos lanches que essas crianças levam para comer "não é saudável" tanto na qualidade como pela quantidade.
Dentre os lanches que essas crianças levam para os jardins destacou, os sucos de caixinhas, bolachinhas recheadas de creme, “matutano”, bolos, hambúrguer, pizza, entre outros alimentos, que não trazem nenhum benefício para o desenvolvimento dessas crianças.
"São alimentos com grande quantidade de sal, açúcar e gordura, desfavoráveis para o bem-estar e saúde de uma criança", alertou, acrescentando que pode trazer doenças como diabetes, pressão alta, colesterol, entre outras complicações.
Neste aspecto, considerou ser " fundamental" que os pais e encarregados de educação mudem os hábitos alimentares das suas crianças, sugerindo que ao invés de oferecer esses alimentos industrializados, que optem por frutas, legumes, ovos, leite, batidos de frutas, iogurtes naturais, entre outros produtos mais saudáveis.
Helena Sapinho exorta os pais e encarregados de educação a arranjarem o "tempo" para prepararem os lanches mais saudáveis para os filhos, pois esta prática contribuirá para que estes não fiquem com a saúde frágil, mais tarde.
A Inforpress conversou também com duas responsáveis dos jardins infantis em Achada Santo António, na cidade da Praia, para esclarecer como têm trabalhado para chamar a atenção dos pais sobre a alimentação saudável dos filhos.
Para Lenise Araújo, do Jardim Pimpão, esta situação de os pais colocarem a maioria dos lanches não saudáveis para as crianças tem acontecido todos os dias e que poucas levam frutas na mochila.
Esta responsável fez saber que ao questionar os pais, o porquê desses hábitos, estes alegam sempre falta de tempo para preparar os lanches e também o alto preço dos produtos no mercado.
Para colmatar esta situação, afirmou que esta instituição tem estado, através de reuniões e também no dia-a-dia, quando os pais deixam os filhos neste espaço, a chamar atenção neste aspecto.
A coordenadora geral da Rede de Jardins Arco Íris, Deise Correia, relatou situação semelhante nos diferentes jardins desta liga na capital, acrescentando que anos após anos vem chamando a atenção dos pais, e praticamente nada muda.
A Inforpress ouviu também os pais e encarregados de educação sobre este assunto. Muitos alegaram que a razão se deve, sobretudo, a "falta de tempo" para preparar os alimentos mais saudáveis e ainda o preço dos produtos, como frutas e legumes subiram "substancialmente". Por isso optam por alimentos “prontos” e industrializados.
Neste caso, a especialista Helena Sapinho considera que sempre tem jeito de arranjar tempo para preparar e que isto mostra que é "falta de interesse" dos mesmos.
E mesmo em relação a preços defende que, se os pais realmente interessarem para uma alimentação mais saudável dos filhos, sempre dá para comprar uma fruta e enviar para a escola ou jardim.
Neste particular, a nutricionista aconselhou que é fundamental que se inicie estes hábitos saudáveis de alimentação a partir dos seis meses de vida de uma criança para que no futuro fiquem a escolher alimentos que contribuem para o seu desenvolvimento.
Inforpress visitou um jardim infantil em Achada Santo António, na cidade da Praia, e constatou que das 100 crianças visitadas neste jardim, apenas 10 tinham lanches saudáveis.
Esta visita aos jardins e às escolas acontece no âmbito do Dia Mundial da Alimentação que é comemorado anualmente a 16 de Outubro e foi criado com o intuito de desenvolver uma reflexão a respeito do quadro actual da alimentação mundial.
A data foi escolhida também para lembrar a criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 1945. A primeira comemoração da data ocorreu no ano de 1981, quando o tema abordado foi “A comida vem primeiro”.
Este ano comemora-se sob o tema “Direito aos alimentos para uma vida e um futuro melhores”, sendo assinalado em paralelo com o 79.º aniversário da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Este lema justifica a importância da abordagem da alimentação (saudável) de uma forma holística, não só sob a perspectiva da saúde, mas também dos direitos humanos, da sustentabilidade, da educação ambiental, entre outros.
DG/CP
Inforpress/Fim