Segundo Gilson da Costa, coordenador de programas do centro, a iniciativa oferece actividades educativas, desportivas e culturais para cerca de 260 crianças, adolescentes e jovens em função dos interesses individuais de cada um.
O centro, criado em 2005, no município do Tarrafal, interior da ilha de Santiago, mantém um projecto de jardim infantil e oferece actividades que variam desde o futebol até aulas de informática, línguas, dança, arte, costura e música, onde as crianças podem aprender a tocar bateria, guitarra, piano, entre outros instrumentos.
As actividades são oferecidas em dois turnos, dependendo do horário escolar de cada criança, e a escolha de actividades é feita com base no interesse das próprias crianças, incentivando um ambiente de liberdade e criatividade.
“Nós acreditamos que as crianças são mais felizes e realizadas quando fazem aquilo que gostam”, explica Gilson da Costa, ressaltando que o projecto Delta Cultura aposta na educação emocional e no desenvolvimento de competências práticas.
“A nossa missão é ajudar as crianças a encontrar o seu talento e incentivá-las a segui-lo para que possam ter uma vida mais plena,” afirma.
Para isso, o centro conta com uma equipa de voluntários locais e internacionais, que apoiam no acompanhamento das crianças em actividades individuais.
Segundo Gilson, a maior parte das crianças vêm de contextos familiares vulneráveis, o que torna ainda mais importante a oferta de um acompanhamento personalizado.
“Infelizmente, devido às nossas limitações de recursos humanos, não conseguimos atender mais crianças, mas a nossa prioridade é garantir que cada uma das 260 crianças receba a atenção adequada”, acrescenta.
No município do Tarrafal, o Centro Delta Cultura utiliza o futebol como plataforma para promover a igualdade de gênero e a inclusão social, com destaque para a integração de crianças e jovens em diversas categorias de base.
De acordo com o coordenador do programa, Gilson da Costa, o projecto abrange crianças e adolescentes desde os sete anos até o nível sénior, em escalões que vão do sub-7 ao sub-17, com categorias femininas e masculinas seniores. Nas idades mais baixas, as equipes são formadas de maneira mista, integrando rapazes e raparigas, o que estimula a interação e o respeito entre os gêneros desde a infância.
Na vertente desportiva, este coordenador explicou que não é somente a prática das modalidades, mas também a introdução de metodologias que ensinam valores de respeito e igualdade.
Segundo a mesma fonte, o desafio inicial era o tabu relacionado ao papel das mulheres no desporto, uma vez que ainda persiste a ideia de que, principalmente, o futebol é predominantemente masculino.
No entanto, o centro tem conseguido mudar esta percepção entre as crianças, especialmente as que participam das actividades e interagem com colegas de ambos os sexos, o que tem reforçado a ideia de que o futebol e o desporto em geral são acessíveis a todos, sem barreiras de género.
O programa de futebol do Centro Delta Cultura também inclui actividades educativas e sociais para ampliar a inclusão e fortalecer o vínculo entre as crianças e suas comunidades,
Segundo o responsável, o “trabalho ao longo dos anos, com o apoio de metodologias focadas na educação inclusiva, permitiu que o centro conquistasse resultados significativos”.
Hoje, conforme ressaltou Gilson da Costa, os jovens participantes compreendem e entendem que a prática desportiva é para todos, e a formação de equipas mistas é um factor essencial para essa transformação, uma abordagem que visa também combater a exclusão, garantindo que o futebol se torne um espaço de acolhimento e respeito.
Além disso, o centro promove uma educação desportiva que enfatiza o papel do desporto como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e social. Para Gilson, o Delta Cultura está a mostrar que o futebol pode transcender o campo de jogo, servindo como uma ferramenta de transformação social e oferecendo uma base sólida para a construção de uma comunidade mais igualitária e inclusiva no Tarrafal.
O programa desportivo inclui sub-7, sub-9, sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17, conta com categorias masculinas e femininas no nível sénior, mas nas idades mais baixas as equipas são formadas por meninos e meninas.
Além do desafio da sustentabilidade, o coordenador enfatizou que o Centro Delta Cultura tem enfrentado o desafio de educar os pais e encarregados de educação sobre a sua missão, que é muito mais do que ensino tradicional.
E é neste sentido que Gilson da Costa pede aos pais que valorizem os interesses e habilidades naturais de seus filhos, deixando que descubram seus talentos e que se dediquem àquilo que gostam. “Queremos que os pais entendam a importância de incentivar as crianças a serem felizes e realizadas em suas escolhas”, concluiu.